A Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga o professor de Direito e advogado Conrado Paulino da Rosa por suspeita de crimes sexuais contra mulheres em Porto Alegre. Segundo a investigação, ao menos seis mulheres relataram terem sido vítimas entre 2013 e 2025, registrando ocorrência e prestando depoimento. A apuração, conduzida sob sigilo, aponta relatos semelhantes entre si e inclui denúncias de estupro, agressões durante relações sexuais e violência psicológica.
A Polícia Civil informou que as mulheres passarão por perícia psicológica como parte do processo investigativo. Apesar da gravidade dos relatos, a corporação evita divulgar detalhes para preservar as vítimas e não comprometer a investigação em andamento.
Diante das denúncias, Conrado foi demitido da Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP), em Porto Alegre, onde lecionava para cursos de graduação, mestrado e coordenava a pós-graduação em Direito de Família e Sucessões. A instituição declarou que o desligamento ocorreu em caráter administrativo, sem juízo antecipado sobre as responsabilidades do professor.
A defesa das vítimas afirmou que já tomou todas as medidas judiciais cabíveis e ressaltou que há uma medida protetiva de urgência em vigor. Já o advogado de Conrado disse ter convicção de que não há fatos penalmente relevantes. O professor também se manifestou nas redes sociais, afirmando confiar que, após a apuração completa e oitiva de testemunhas, “a verdade dos fatos se sobressairá”.
O professor de direito, a advogada que representa as presumidas vítimas e a FMP se manifestaram através das redes sociais. Leia na íntegra as notas:
Nota de Conrado Paulino da Rosa
“Quem conhece minha trajetória de décadas, sabe do respeito que possuo pela minha profissão e como conduzo minha vida pessoal.
Confio que, com a apuração completa, após a minha oitiva e de minhas testemunhas, e a analise da documentação que será apresentada, a verdade dos fatos se sobressairá. Confio no trabalho das Autoridades, pessoas técnicas e idôneas, mas ao menos por ora respeitarei o sigilo da investigação e evitarei qualquer outra forma de exposição desnecessária. O Dr. Paulo Fayet, profissional em quem confio e agradeço, já foi constituido e está adotando todas as providencias necessárias.
Por fim, não se pode esquecer que investigação não equivale à condenação. Muito menos enquanto ainda não formalizado o contraditório e ampla defesa, de sorte a ferir também a ampla presunção 0 inocência. Repudio qualquer forma de violência contra a mulher e indispensável que haja responsabilidade na divulgação de informações sigilosas sem autorização”.
Nota da advogada
“A defesa das vítimas de Conrado Paulino da Rosa comunica através dessa nota à imprensa que todas as medidas judiciais cabíveis já foram tomadas e que, neste momento, se manifestarão apenas perante as autoridades policiais e judiciais, inclusive em razão de Medida Protetiva de Urgência vigente.
Unidas, incentivam a proteção de todos os direitos das mulheres e incentivam àquelas que possam estar vivendo relacionamentos abusivos a buscarem ajuda, denunciarem, entendendo que o silêncio protege apenas os agressores. Desde já, repudiam o uso de qualquer estereótipo de gênero, comuns nas defesas de homens denunciados, e reafirmam aquilo que foi dito por Maria da Penha: a vida começa quando a violência termina.
As mulheres estão vivas na união, na voz e na força. A coragem de cada uma e de todas juntas é para que não existam próximas vítimas”.
Nota da FMP
“A Fundação Escola Superior do Ministério Público – FMP informa que o professor Conrado Paulino da Rosa não integra mais o corpo docente da Instituição.
O desligamento foi decidido em caráter administrativo, conforme previsto no regimento interno da FMP, sem a realização de juízo antecipado sobre eventuais responsabilidades relacionadas a fatos externos à Instituição.
A FMP reitera seu compromisso inegociável com a ética, a transparência e, sobretudo, com a promoção de um ambiente acadêmico seguro, inclusivo e respeitoso para todas as pessoas.
Reafirmamos, de forma categórica, nossa posição contrária a qualquer forma de violência, em especial a violência contra as mulheres, e nosso apoio a todas as iniciativas que promovam a equidade de gênero e os direitos humanos.
Com 41 anos de atuação na formação de profissionais comprometidos com a justiça e a cidadania, a FMP seguirá fiel aos seus princípios institucionais e ao respeito à dignidade humana.”



