A pressão arterial considerada de risco mudou de patamar no Brasil. Uma nova diretriz, lançada nesta quinta-feira (18) no 80º Congresso Brasileiro de Cardiologia, passa a classificar como pré-hipertensão valores entre 12 por 8 e 13,9 por 8,9. O documento é assinado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e pela Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH). Antes vistos como “normais limítrofes”, esses níveis agora exigem atenção médica, com recomendações de mudanças no estilo de vida e, em alguns casos, uso de medicamentos.
Outra mudança significativa está na meta de tratamento. Até agora, aceitava-se manter a pressão em até 14 por 9. Com a nova diretriz, o objetivo passa a ser abaixo de 13 por 8 para todos os hipertensos, independentemente da idade, sexo ou presença de outras doenças. Segundo os especialistas, a medida busca reduzir complicações graves, como infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência renal. Em pacientes que não toleram reduções tão intensas, a orientação é chegar ao nível mais baixo possível dentro da segurança clínica.
A diretriz também traz inovações, como a inclusão do escore PREVENT, que calcula o risco cardiovascular global em dez anos a partir de fatores como obesidade, diabetes, colesterol elevado e lesões em órgãos como rins e coração. O objetivo é aproximar o cuidado da chamada medicina de precisão, adotando condutas mais intensas para quem está em alto risco. Pela primeira vez, o documento dedica um capítulo ao Sistema Único de Saúde (SUS), que atende 75% dos hipertensos, propondo protocolos adaptados à atenção primária, uso de medicamentos já disponíveis e incentivo ao monitoramento ambulatorial e domiciliar.
Outro destaque é a atenção à saúde feminina. A diretriz estabelece orientações específicas para mulheres em fases de maior vulnerabilidade, como o uso de anticoncepcionais, a gestação e a menopausa. Também recomenda acompanhamento prolongado para aquelas que tiveram hipertensão na gravidez, devido ao risco elevado de desenvolver doenças cardiovasculares no futuro. Segundo os autores, as mudanças refletem a necessidade de ampliar a prevenção e garantir tratamento mais eficaz diante da realidade brasileira.



