Do Sul21
Em 2019, o último ano recente com o maior número de casos de dengue em Porto Alegre, foram feitos 958 testes para diagnosticar a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Em 2022, até abril, já foram realizados mais de 4 mil testes. O surto histórico de dengue na Capital pegou a estrutura de saúde desprevenida. Para enfrentar a situação, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) decidiu concentrar os testes disponíveis em pessoas que apresentem sintomas de dengue e não morem nos bairros com transmissão sustentada.
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Para quem mora no Jardim Carvalho, Bom Jesus, Agronomia, Vila Nova, Ipanema, São José, Cristal e Partenon, e apresentar febre acompanhada de mais dois sintomas, entre dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, e manchas vermelhas na pele, o diagnóstico de dengue será confirmado por exame clínico.
A exceção são os grupos mais vulneráveis, como gestantes, crianças de até 5 anos, e pacientes com sinais graves da doença. Nestes, os testes serão disponibilizados independentemente do local de moradia.
“É um cenário que não estava previsto”, reconhece Gabriele Brehm, coordenadora de Assistência Laboratorial da SMS.
Ela explica que o recorde de casos em 2022, com mais de 1.650 confirmados até o momento, quatro vezes mais do que os 462 de 2019, acontece justamente num momento em que a pandemia do novo coronavírus causa a falta de insumos para a fabricação do teste de antígeno.
Assim como aconteceu com insumos para testes de covid-19 e equipamentos de proteção individual, a China também é a maior fornecedora mundial de insumos para a fabricação do teste de dengue. Há falta de matéria-prima para abastecer os laboratórios e o recente lockdown em cidades chinesas agrava ainda mais a situação.
“As empresas não estão conseguindo produzir para atender a demanda”, afirma Gabriele. O contexto é ainda mais complicado em função das condições climáticas, com dias de chuva e calor que favorecem a proliferação do mosquito. “Não temos perspectiva de melhorar rapidamente e o clima não vai nos ajudar nas próximas semanas”, projeta.
A coordenadora de Assistência Laboratorial da SMS pondera que o procedimento adotado tem o objetivo de não esgotar o estoque de testes na Capital e, com isso, deixar de testar pessoas em estado grave.
Com o cenário tão desfavorável, a coordenadora apela para que a população se proteja e atue para evitar a proliferação do Aedes aegypti, limpando pátios, vasos, e locais que possam acumular água.



