Brasil teve o mês de novembro mais frio dos últimos 46 anos
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Foto: Marcos Serra Lima

Brasil teve o mês de novembro mais frio dos últimos 46 anos

Baixas temperaturas foram destaque durante a primavera por causa do ar frio de origem polar que avançou pela Região Sul e alcançou áreas do centro do país

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O mês de novembro de 2022 foi o mais frio dos últimos 46 anos, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). De acordo com um balanço do instituto, as baixas temperaturas foram destaque durante a primavera por causa do ar frio de origem polar que avançou pela Região Sul e alcançou áreas do centro do País no início do mês, ocasionando queda nas temperaturas, eventos de geada e até registro de neve.

Em plena primavera, a Serra catarinense teve um registro inédito de neve no mês. O fenômeno aconteceu no Morro da Igreja. A região abrange os municípios de Urubici, Bom Jardim da Serra e Orleans. A massa de ar frio também foi responsável por desvios negativos de temperatura na parte leste do Brasil.

Desta forma, considerando a temperatura média observada nas estações meteorológicas do instituto em todo o país, o mês de novembro de 2022 foi o mais frio desde 1976.

Chuvas intensas

Ainda de acordo com o Inmet, durante a última primavera as chuvas foram acima da média em quase todas as regiões brasileiras. A exceção ficou com a Região Centro-Oeste e o Rio Grande do Sul, que concentraram volumes de chuva cerca de 20% a 40% abaixo da média.

Segundo o instituto, a massa de ar frio também foi responsável por esses dias chuvosos durante o período. Em algumas cidades do País, os temporais da estação deixaram vítimas e causaram fortes estragos.

O mês de novembro de 2022 foi marcado pelo volume de chuvas acima da média, fenômenos incomuns para a época e foi descrito como “excepcional” pela meteorologista do Climatempo Josélia Pegorim.

“Foi um mês excepcional porque tivemos eventos fora do normal, a começar pela onda de frio que varreu o país na primeira semana, quando batemos recordes de baixa temperatura em décadas. Na cidade de São Paulo, a temperatura mínima chegou a 9,4ºC no dia 4 de novembro, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia. Foi a mais baixa para um dia de novembro desde 1974, quando chegou a 6ºC no 1º”, afirmou a meteorologista.

Confusão climática

A meteorologista do Climatempo explica que uma série de fatores causou esses fenômenos inesperados para novembro. Um deles foi a chegada de uma frente fria muito forte vinda da Antártida que trouxe onda de frio para o País de forma inédita.

Essa frente fria foi tão forte, explica ela, que já seria considerada muito forte mesmo no inverno. No entanto, foi registrada a um mês do início do verão, que ocorrerá dia 21 de dezembro.

“Essa massa foi responsável pelas fortes pancadas de chuva em todas as regiões do país. No fim da primeira quinzena de novembro, houve muitas ocorrências de granizo que devastaram plantações no Sul de Minas, São Paulo e Goiás. Tivemos ainda tempestades de poeira em Morro Agudo, no interior de São Paulo, no dia 11 de novembro. São Joaquim, em Santa Catarina, registrou geada no dia 25 de novembro”, afirmou a meteorologista.

Segundo ela, ventos marinhos intensos e resistentes levados do oceano para o continente também ajudaram a causar chuva volumosa no litoral do Paraná, Santa Catarina e no sul de SP, que causaram deslizamentos de barreiras e interdições de estradas.

Outro fator determinante para os eventos climáticos fora do comum, segundo Josélia, foi a formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul, que se concentrou no Estado de São Paulo. Trata-se de um sistema de área de instabilidade que fica parado por alguns dias e atinge algumas regiões do País.

“A influência desse sistema foi sentida em parte do Sul, Sudeste, Centro-oeste e até no Norte e Nordeste. Ele colaborou para a formação de nuvens carregadas, que provocaram tempestades e mais granizo. Além disso, estamos numa época onde a América do Sul está recebendo grande insolação porque estamos a poucas semanas do verão. Isso significa que a atmosfera no Brasil fica cada vez mais quente e facilita essa formação de chuva”, explica a especialista.

Josélia diz ainda que o fenômeno La Niña também está influenciando o clima global pelo terceiro ano consecutivo. Um dos efeitos causados por ele é colaborar para a organização de corredores de umidade que podem gerar zonas de convergência do Atlântico Sul, registrada em novembro.

“Ele é um facilitador para que o ar úmido se concentre em determinadas regiões, ajudando a formar muitas nuvens de chuva. A gente não consegue fazer uma correlação imediata com as mudanças climáticas. Mas o ano de 2022 é completamente excepcional. Houve eventos excepcionais em muitas áreas do mundo e vários deles são exemplos de mudanças climáticas. O maior deles é a onda de calor que viveu a Europa no verão”, afirmou Josélia. (O Sul)

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