O Porto Alegre 24h conferiu a segunda animação sobre a história de Miles Morales, o Homem-Aranha negro. A história, lançada cinco anos depois do primeiro filme da trilogia, narra o envolvimento de Morales dentro do multiverso de Homens-Aranha, e a sequência aborda seus atos em cada um dos universos existentes. O filme tem um total de 2 horas e 16 minutos, algo bem diferente para animações na telona e tem arrancado notas altas da crítica. A nota elevada não é atoa, pois a animação da Sony (em parceria com a Marvel) é digna de grandes premiações assim como sua primeira versão e tem boas oportunidades de levar mais uma estatueta do “Oscar de Melhor Animação” em 2024.
Em outras palavras, tem tudo que um bom filme de super-herói precisa, ambientação e animação com alto nível de qualidade, personagem com propósito e em desenvolvimento, excelente trilha sonora, roteiro denso para além dos super-poderes, easter eggs, referências aos quadrinhos e também aos filmes do “cabeça de teia” com cenas de ação empolgantes.
O primeiro filme da trilogia (dito isso este, foi feito em 2 partes que continua ao fim deste segundo longa animado). “Homem-Aranha no Aranhaverso” já deixou um sinal bem claro para a indústria, a Sony investiu forte na animação do filme com clara referência ao estilo dos quadrinhos. O cuidado com cada frame foi tamanho que o longa-metragem recebeu o “Oscar de Melhor Filme de Animação (2018)”, desbancando o favorito “Incríveis 2”.
Essa preocupação seguiu para o segundo filme: agora, com um Miles Morales mais velho, mais seguro e consciente, a animação o acompanha em qualidade e densidade, e faz valer a espera de cinco anos. Mais psicodélico do que o primeiro, este novo longa, mergulha fundo nas emoções de cada um dos personagens, e faz o uso das cores e do formato dos cenários para sustentar a narrativa.
E falando nos cenários, esses sem dúvida, são o que mais chamam a atenção. Cada universo mostrado ali, assim como a maneira como a animação acompanha esses cenários em novas cores,independem da trama, que impressiona.
Outro ponto que chama a atenção é a riqueza de detalhes. Dos tênis “Air Jordan” de Miles aos pequenos desenhos, quadros e roupas de Gwen Stacy, cada item disposto na tela é um universo à parte.
Depois da vitória da primeira estatueta do Oscar, os diretores do segundo filme da trilogia resolveram investir em um multiverso mais voltado para estilos e formatos de desenho ou animação. E faz sentido: se a idéia era reunir todas as versões possíveis e imagináveis do (Homem-Aranha), limitá-lo a um único estilo de traço seria incompatível com a narrativa. Fica aqui uma dica útil, vale a pena prestar atenção redobrada a cada um dos personagens apresentados.
Além dos easters eggs, o longa apresenta versões clássicas dos primeiros quadrinhos do super-herói. Onde temos Peters em 2D, 3D, live-action, com diferentes texturas, cores, tamanhos, formatos e muito mais.
Quanto à diversidade, logo no primeiro filme já era possível perceber quanto o Homem-Aranha poderia ser diverso. O próprio Miles Morales, primeiro Homem-Aranha negro, era exemplo disso.
Agora em um multiverso de possibilidades, diversidade é o carro-chefe para expandir a criatividade. E o resultado é um tanto quanto fantástico. Pois fica natural e incentiva a representatividade, sem parecer forçado. A frase mais popular dos filmes do (Homem-Aranha) já mostra que uma das maiores virtudes do personagem é, na verdade, um fardo: “Com grandes poderes, vem grandes responsabilidades”. Seguindo essa premissa à risca, a animação incorpora esse fardo de cada Homem-Aranha, em cada universo.
Os sacrifícios, essenciais para a construção do personagem, estão todos ali e não só são parte essencial do roteiro como também contribuem para a imersão do público. Mesmo os novos personagens apresentados criam conexões fortes com o espectador.
Além disso, divergindo das demais jornadas do herói, uma coisa que “Homem-Aranha Através do Aranhaverso” faz bem é justamente induzir o espectador a compreender a complexidade do aranhaverso. Enquanto torcemos por Miles, também entendemos as escolhas dos outros aranhas. Se há uma certeza a ser dita sobre o filme, é que este longa vale cada centavo do ingresso no cinema. O filme mantém (e amplia) a excelência de seu antecessor, usa a criatividade como ponto de partida e o próprio estilo de animação como narrativa algo já muito familiar aos fãs de quadrinhos.
Para acompanhar este novo “Aranha” é interessante, ter assistido o primeiro de 2017, que está disponível no Disney Plus.
Dito isto, não vou entrar mais em detalhes, corre lá e garanta seu ingresso na maior tela que poder, pois, vale muito a pena, visto toda qualidade trazida nesta sequência, que continua sem data prevista para segunda parte.
Crítica: Rafa Gomes



