Fenômeno El Niño trará chuva intensa e adversidades à safra plantada este ano
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Foto: defesa civil rs

Fenômeno El Niño trará chuva intensa e adversidades à safra plantada este ano

A duração dos efeitos do El Niño ainda é incerta, mas preliminarmente estima-se que não ultrapasse um ano.

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Após três períodos consecutivos de estiagem no Rio Grande do Sul, que resultaram em perdas agrícolas e escassez de água na Região Central, a recuperação da produção enfrenta agora a iminente barreira do fenômeno El Niño, que trará chuvas intensas para todo o estado. Caso o fenômeno se concretize, as colheitas de aveia e trigo, típicas do inverno, e o plantio de soja e milho, desenvolvidos no verão, podem ser afetados. O cenário mais crítico é comparado à safra de 2015/2016, última vez em que o RS vivenciou o El Niño.

Segundo o meteorologista da BaroClima Meteorologia, Gustavo Verardo, o El Niño trará chuvas excessivas para o Sul e Sudeste do país, enquanto o Norte e Nordeste sofrerão com secas, especialmente nas regiões mais próximas ao Equador. Os agricultores estão se preparando para os próximos meses, levando em consideração os eventos meteorológicos.

A escassez de chuvas em 2023 causou problemas econômicos, agrícolas e sociais no Rio Grande do Sul. Neste ano, 39 municípios da Região Central declararam situação de emergência devido à seca, resultando em escassez de água e prejuízos superiores a R$ 3 bilhões para a agricultura, de acordo com dados da Emater.

Nos próximos meses, a previsão é de chuvas abundantes devido ao El Niño. O meteorologista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Murilo Machado Lopes, membro do Grupo de Meteorologia vinculado ao Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE) da instituição, projeta um verão sem estiagem.

No entanto, é importante ressaltar que o El Niño pode trazer desafios. Gustavo Verardo, meteorologista da BaroClima, compara a intensidade deste ano ao fenômeno de 2015, quando ocorreu um Super El Niño, com aumento de dois graus na temperatura das águas do Oceano Pacífico na região do Equador. Embora seja esperado um El Niño de intensidade média a moderada neste ano, há incerteza sobre sua força. Mesmo que não atinja o nível de 2015, existe a possibilidade de chuvas mais frequentes e queda de granizo, principalmente na transição da primavera para o verão.

A duração dos efeitos do El Niño ainda é incerta, mas preliminarmente estima-se que não ultrapasse um ano.

No que diz respeito à agricultura, os agricultores estão enfrentando desafios e tomando decisões de curto prazo. Eles utilizam previsões meteorológicas para escolher sementes, decidir a quantidade e tipo de terras a serem cultivadas, determinar o momento do plantio, a quantidade de defensivos agrícolas a serem utilizados, a necessidade de investir em maquinário, microaçudes e reservatórios de água. Se a previsão de falta de estiagem se confirmar no verão, isso pode afetar a colheita das culturas plantadas no inverno. O excesso de chuvas pode resultar em perda de qualidade dos cultivos, aumento da incidência de doenças nas plantas, necessidade de maior uso de defensivos agrícolas e dificuldades na colheita.

No caso do trigo, que tem expressiva relevância na região, o El Niño pode causar perda de qualidade devido a doenças e dificuldades na colheita. O plantio de trigo na Região Central do Rio Grande do Sul está em torno de 30% da área prevista, de acordo com o último boletim da Emater.

A cultura de aveia branca, que também está sendo plantada na região, é mais rústica e sofrerá menos impacto, mas ainda assim será afetada, principalmente na pecuária, pois é utilizada como alimento animal.

Além disso, o excesso de chuvas também é prejudicial para o plantio de culturas de verão, como soja, milho e arroz em alguns sistemas agrícolas. Durante a última ocorrência do El Niño, na safra de 2015/2016, houve dificuldades na colheita dessas culturas devido ao excesso de umidade. Embora a produtividade tenha sido maior do que o esperado, as condições climáticas adversas afetaram a colheita.

As hortaliças e frutas também são afetadas pelo excesso de chuvas durante o desenvolvimento das culturas, o que aumenta a incidência de fungos. É necessário monitorar essas culturas e utilizar fungicidas adequados.

Diante desse cenário, a Emater acompanha as condições climáticas e orienta os agricultores sobre as melhores práticas a serem adotadas. Por exemplo, recomenda-se manter o solo coberto durante um ano com muitas chuvas.

Portanto, os agricultores estão atentos ao cenário do El Niño e suas possíveis consequências, buscando se preparar da melhor forma possível para minimizar os impactos nas colheitas e na produção agrícola.

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