A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul está debatendo uma proposta de emenda constitucional que visa proteger e preservar integralmente os símbolos do estado, incluindo o hino, diante de uma controvérsia em torno de um verso considerado racista. Parlamentares da bancada negra têm levantado críticas em relação a um trecho do hino, o qual menciona que “povo que não tem virtude acaba por ser escravo”.
A polêmica ganhou destaque quando vereadores de Porto Alegre se mantiveram sentados durante a execução do hino durante a cerimônia de posse da legislatura mais recente, em 2021. Essa atitude foi repetida por deputados estaduais no ano de 2023.
Veja o vídeo:
POVO QUE NÃO TEM VIRTUDE ACABA POR ESCRAVIZAR! ✊🏾🔥
Na cerimônia de diplomação, registramos o nosso protesto contra a estrofe racista do hino do Rio Grande do Sul. pic.twitter.com/pacHodL9zN
— Matheus Gomes (@matheuspggomes) December 19, 2022
Nesta terça-feira (4), a Assembleia Legislativa gaúcha está em pauta para discutir a proposta de emenda constitucional do deputado Rodrigo Lorenzoni (PL) que busca garantir a proteção integral dos símbolos do estado, a fim de preservar a tradição e a história que são motivo de orgulho para todos.
Diante do debate, o deputado Luiz Fernando Mainardi (PT) chegou a apresentar um projeto de lei que modificaria o verso controverso para “povo que não tem virtude acaba por escravizar”. No entanto, essa proposta não foi adiante.
Para o deputado Matheus Gomes (PSOL), membro da bancada negra que participou dos protestos em 2021 e 2023, a proposta em discussão possui um “viés autoritário”. Gomes e outros vereadores também relataram ter recebido ameaças nas redes sociais após a manifestação de 2021.
Segundo a historiadora Clarissa Sommer, do Arquivo Público do RS, o hino é uma construção histórica que sofreu adaptações ao longo do tempo para acompanhar as mudanças da sociedade. Ela ressalta que, se as sociedades evoluem, não há razão para impedir a alteração de símbolos, como o hino, que podem refletir lutas sociais, desconstruir preconceitos e afirmar novos paradigmas na vida em sociedade.
A discussão em torno do verso do hino do Rio Grande do Sul está sendo acompanhada atentamente pelos parlamentares e pela sociedade, enquanto se busca um equilíbrio entre a preservação da tradição e o respeito às demandas por justiça e igualdade.
Com a informação G1.



