O Porto Alegre 24Horas foi conferir este longa, bem diferenciado de terror. Um prato cheio para os fãs do gênero e traz uma história sem saída e cruel.
Fale Comigo ou (Talk to Me) seu título original, já começa de forma chocante e brutal, trazendo um conceito novo ao gênero. Destaque em festivais, australiano, Sundance e Berlim de 2023 constrói ponto a ponto o drama da jovem Mia (Sophie Wilde), traumatizada pela recente morte da mãe, em junção ao compartilhamento de experiências bizarras nas redes sociais.
Com produção da A24, pequenos detalhes como um canguru atropelado na estrada e os exóticos axolotes em um aquário dão o tom da ambientação macabra para o longado.
Criado pelos YouTubers e irmãos gêmeos Michael Philippou e Danny Philippou, do canal RackaRacka, Fale Comigo, consegue entrar na dinâmica dos filmes de invocação de espíritos de maneira contemporânea e fugir do lugar-comum das fórmulas norte-americanas de fazer filmes do gênero.
Diferente de roteiros arrastados no início e corridos nos últimos minutos, o longa mantém o ritmo, os mistérios e a dinâmica dos personagens em crescente tensão, assim como o interesse dos espectadores. Ao invés de tentar enganar o público de forma simples, os diretores e roteiristas nos fazem entrar na dinâmica do jogo de espírito cunhado ao bel-prazer e divertimento daqueles que o invoca.
Influenciadas pelos vídeos nas redes sociais dos seus amigos, os quais aparecem realmente engraçados, as amigas Mia e Jade (Alexandra Jensen) decidem participar de uma dessas festinhas diabólicas. Enquanto Jade faz a boa moça, Mia é mais dinâmica e ousada, logo, ela se voluntaria para dar a mão ao braço de gesso, que contém algumas linguagens antigas escritas, provavelmente uma língua dos mortos. À sua frente encontra-se com um espírito!
A premissa do longa lembra muito, Verdade ou Desafio (2018) e Ouija: O Jogo dos Espíritos (2014) ao contrário destes Fale Comigo não comete muitas falhas, mantém o ritmo e intriga o público com um ambiente amargo e traumático, mas com um leve frescor de novidade.
Aqui, as regras são simples: acenda uma vela, segure a mão de gesso e diga: “fale comigo”. Ao criar uma conexão, isto é, encontrar uma pessoa morta à sua frente, você diz “pode entrar”. O segredo é não deixar o “possessor” no seu corpo por mais de 90 segundos e apagar a vela no final.
Durante este um minuto e meio, os jovens se divertem como se tivessem entrando em um parque de diversões. Até que alguém não siga as regras. O filme traz também uma visão de conceito de sensibilidade e mediunidade, algo novo em filmes do Gênero, deixa claro que pessoas com está característica tende a ser alvos fáceis, para tudo dar errado.
Até o momento, junto com A Morte do Demônio: A Ascensão, Fale Comigo, pode ser considerado o melhor e mais perturbador filme de terror do ano. Apesar de parecer um clichê do gênero, onde adolescentes inconsequentes participam de uma brincadeira visivelmente perigosa, a produção vai além, literalmente.
Um dos pontos positivos que sobe seu patamar é como os diretores conseguem causar desconforto e tensão no público, sem apelar para os famosos sustos repentinos conhecidos como (jumpscares).
Intencionalmente ou não, o filme aborda as questões de desafios em redes sociais de maneira rasa, deixando a sociedade do espetáculo um pouco de lado e colocando problemas como o medo, a ausência e a fuga da realidade como prioridades.
O roteiro do longa tem grandes reviravoltas assertivas com um final interpretativo.
Distribuído pela Diamond Films, Fale Comigo estreia nos cinemas brasileiros no dia 17 de agosto de 2023.
Super aconselho a conferir nós cinemas quem é fã do Gênero.
Crítica Rafa Gomes.



