O Raio X desta segunda-feira (25) contou com a ilustre presença do jornalista, escritor e cineasta Renato Dornelles. Autor de livros e séries sobre as facções gaúchas e o sistema carcerário do Rio Grande do Sul, Dornelles é conhecido por ser ex-colunista de páginas policiais gaúchas.
Durante quase 2 horas de bate-papo, o escritor contou como as principais facções se estabeleceram na Região Metropolitana e como ele acompanhou um dos maiores motins do Estado, formado no Hospital Penitenciário no anexo do Presídio Central de Porto Alegre, em 1994.
Dornelles explicou que na tarde do dia 8 de julho de 1994, seis presos aproveitaram o atendimento no Hospital Penitenciária e fizeram cerca de 24 pessoas reféns lá dentro, incluindo prisioneiros e funcionários. Os membros da facção fizeram demandas e a negociação durou cerca de 24 horas. Na mesma noite, diversos reféns foram liberados em três veículos e um deles foi baleado 11 vezes durante a perseguição até a Lomba do Pinheiro.
“Nessa perseguição um dos carros atolou na Lomba do Pinheiro, era o carro do Melara ( Dilonei Francisco Melara, então maior líder dentro do sistema penitenciário gaúcho). Como refém estava o diretor do Presídio, que levou um tiro na coluna e ficou paraplégico. Tudo isso eu vi. Foi uma das coisas mais dramáticas que eu vi”, afirmou o jornalista.
Com uma riqueza de detalhes, o convidado contou como foi sua experiência enquanto jornalista naquela época e naquela situação. O ponto final de um dos maiores motins do Rio Grande do Sul se deu quando os criminosos invadiram o Plaza São Rafael, então principal hotel da cidade.
“Foi um filme ao vivo. O carro invadiu os vidros do hotel. Eles quebraram a porta de vidro, desceram do carro e o que estava acontecendo ali? Um congresso de psiquiatria. O Linn (Celestino Linn) se entregou ali, mas o Melara manteve a negociação até o outro dia “, recordou.
O jornalista também falou sobre a experiência de ficar cara a cara com líderes de facções criminosas para desenvolver o documentário entitulado Central – uma série de reportagens lançadas em 2017, em parceria com a jornalista Tatiana Sager – que expõe a realidade do Presídio Central da capital gaúcha.
Além de filmes, livros e jornalismo policial, o cineasta contou sobre sua paixão pelo carnaval e, mais especificamente, pelas escolas de samba de Porto Alegre.



