Desde que assumiu a reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o professor Carlos André Bulhões vem sofrendo uma forte perseguição política de opositores que o acusam de ser um “interventor” na instituição. Um novo capítulo dessa novela se deu nesta sexta-feira (1), quando o Conselho Universitário (Consun) aprovou um novo pedido de destituição de Bulhões.
As alegações contra o reitor são de supostos atos autoritários e mesmo “posturas negacionistas e anticientíficas”. De acordo com nota divulgada pela reitoria, todas as acusações de possíveis irregularidades foram arquivadas, já na primeira tentativa de destituição, em 2021, pelas instâncias técnicas e jurídicas como Ministério Público Federal, Tribunal de Contas da União e Controladoria-Geral da União.
Na sessão de hoje, 14 decanos do Conselho se negaram a conduzir os trabalhos. O pedido de destituição foi aprovado por 60 votos a dois, havendo ainda três abstenções. A decisão final será do Ministério da Educação.
Em nota, a reitoria diz receber o resultado com tranquilidade, lamentando que o movimento político ocorram enquanto a UFRGS acumula bons resultados e reconhecimentos nacionais e internacionais. A instituição está em mais de 25 rankings que atestam a excelência da universidade — exemplo do Ranking Universitário Folha, divulgado na última semana, no qual a UFRGS foi eleita a melhor federal do país. E esta semana, a universidade recebeu dois prêmios do Ministério da Educação por trabalhos da gestão, durante o 1° Concurso de Boas Práticas do MEC.
Mesmo com recursos cada vez mais restritos, por conta das limitações orçamentárias, a UFRGS também é federal que mais investe na assistência estudantil, com R$ 34,9 milhões em verbas de custeio e do Plano Nacional de Assistência Estudantil. Este ano, a universidade celebrou a formatura de mais de 180 mil alunos do curso Saúde com Agente, liderado pela UFRGS, que atuarão como agentes comunitários de saúde e de combate a endemias em todo o Brasil. E na pandemia, as ações da universidade beneficiaram milhões de pessoas, com a realização de testes, armazenamento e transporte de vacinas, além de todas as medidas de preservação da comunidade acadêmica.
“Essa é a UFRGS que cumpre seu objetivo de ser uma universidade aberta, plural e que contribui com o desenvolvimento do Rio Grande do Sul e do Brasil — e assim seguiremos, com tranquilidade e muito trabalho, até o final desta gestão”, diz a nota.
Natural de Alagoas, Bulhões vive em Porto Alegre há mais de 30 anos. É professor titular de graduação, pós-graduação e mestrado nas áreas de Engenharia Civil, Ambiental e Hídrica, Planejamento Urbano e Regional e Regulação de Recursos Hídricos. Foi ainda coordenador do programa de pós-graduação do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS.
Em 2020, após a formação da lista tríplice para a reitoria, foi nomeado pelo Governo Federal para liderar a UFRGS até setembro de 2024. O procedimento seguiu tudo o que determina a legislação.