A tragédia das cheias, que atingiu praticamente todo o Rio Grande do Sul, entre incontáveis resultados tristes e negativos, traz como positivos a solidariedade, que parte não só dos próprios gaúchos, como do restante do país e de diversas partes do mundo, e também a união de tradicionais rivais. Tudo para socorrer a quem precisa e reconstruir cidades e o próprio Estado.
Neste último caso, envolvendo a união de rivais, destaca-se a espécie de pacto da dupla Grenal. Grêmio e Inter, é sabido, protagonizam uma das maiores rivalidades do futebol mundial. Mas agora diante da devastação do Estado, inclusive das sedes dos clubes, se unem para utilizar todo o seu potencial para ajudar o Rio Grande do Sul.
Em tempos de intolerância, em que o simples pensar diferente e manifestar opiniões contrárias (além de diversos preconceitos existentes, como o racial, o social, o religioso e o de gênero) têm motivado atos até de violência, é alentador perceber que uma parte significativa da sociedade dá uma grande demonstração de união e solidariedade, contribuindo de diferentes formas.
Há muito o que ser feito. As perdas foram muitas, inclusive as mais de cem vidas perdidas. O caminho a ser percorrido é longo. As águas de rios, lagos, lagoas ainda não retornaram a seus níveis normais. Mas desde já, na medida do possível, inicia-se um complexo trabalho de reconstrução que, mais do que nunca, necessitará de sacrifícios dos poderes público e privado e da sociedade civil. A solidariedade e a compaixão são importantes combustíveis.



