O Porto Alegre 24 Horas esteve presente no pré lançamento deste longa-metragem, que mostra o começo de como se formou um bando de motociclistas e sua mudança de perfil, durante a década de 1960, até se tornar uma, gangue violenta, deixando de ser um ponto de encontro para desajustados locais e se transforma em um lugar sinistro, ameaçando o modo de vida do grupo original. Essa é a sinopse oficial apresentada, pela ótica de Kathy (Jodie Comer), esposa de Benny (Austin Butler), a trama mergulha no dia a dia do clube, como uma verdadeira família.
O roteiro do diretor Jeff Nichols (Amor Bandido), que atua como diretor e roteirista de um filme que promete destrinchar a cultura das (gangues) de motociclistas dos anos 60, enquanto faz um estudo sobre a sociedade americana. Infelizmente, essa proposta fica apenas na teoria em Clube dos Vândalos, deixando tudo muito superficial.
Um dos grandes acertos do diretor é não ter pressa em focar e construir personagens com personalidades próprias e características marcantes. Isso é reforçado pela fotografia, muito bem trabalhada com planos detalhados que trazem profundidade às cenas.
Os diferentes tipos de motociclistas são vividos por um elenco escolhido a dedo. Tom Hardy (Venom) e Austin Butler (Duna Parte 2) são os responsáveis por Johnny e Benny, líder e sucessor do clube. A dupla perfeita encarou a missão com maestria, trazendo dois personagens diferentes, mas que se complementam e têm uma relação de parceria muito bem trabalhada em cena. Outros nomes no elenco são Mike Faist (Danny); Norman Reedus (Funny Sonny) e Michael Shannon (Zipco).
O filme não quebra, estereótipos, pelo contrário, reforça o estigma do motociclista, homens heterossexuais, vestindo jaquetas de couro, calças jeans, botas, cheios de tatuagens, em cima de uma moto. Nesse cenário são abordados temas importantes.
Um exemplo é a relação de Kathy (Jodie) com o grupo. Embora a jovem seja casada com um dos principais integrantes dos Vândalos e participe frequentemente de atividades do clube, ela se vê em várias situações de assédio e desrespeito pelo fato de ser mulher.
Questões como relacionamentos abusivos e relações de poder são retratadas durante toda a história, entre os próprios homens. As consequências da lealdade inquestionável ao clube, por exemplo, mostram a trajetória derradeira do grupo que foi de família à (gangue).
A narrativa escolhida pelo roteiro conta com uma narração em off, que atrapalha mais do que ajuda. Muitas coisas são detalhadas em excesso, desde sentimentos dos personagens em determinados momentos da trama, até a função deles, na história são apresentados em uma narrativa que apenas amontoa, informações que poderiam ser facilmente interpretadas ou sentidas pelo público. A escolha de Nichols em usar essa metodologia para contar a sua história, faz com que o espectador tenha tudo mastigado e acabe não se interessando em tirar suas próprias conclusões. Outro erro narrativo é que, a trama está recheada de personagens que não agregam muito. Diversos atores de calibre estão no elenco apenas para uma participação curta ou para proferir frases que não agregam em nada.
Se na história, aqui e ali a produção derrapa, o mesmo não se pode falar da parte técnica que é impecável! A trilha sonora é um ingrediente a mais nesta jornada. As canções executadas em cena dão autenticidade ao que vemos. Os locais da época, cenários e figurinos vistos são perfeitos e o design de produção merece uma indicação ao Oscar. Tudo relacionado a década de 60 é reproduzido com perfeição. A fotografia é outro destaque, a filmagem usa bastante planos médios e closes nas expressões dos atores, de modo a destacar seu talentoso elenco e as filmagens do elenco em suas motos geram planos de tirar o fôlego.
Clube dos Vândalos é um passeio numa estrada de mudanças que acaba se tornando perigosa e com destino incerto.
Assista ao filme, nós cinemas a partir do dia 20 de junho e curta o passeio em duas horas guiado por um elenco de peso com atores talentosos.
Crítica-Rafa Gomes.