Durante a partida entre Corinthians e Grêmio, na quarta-feira, na Arena Neoquímica, em São Paulo, dois torcedores do time paulista foram flagrados fazendo gestos como se estivessem se afogando ou nadando, ao se dirigirem aos gremistas, numa clara demonstração de que debochavam dos gaúchos, devido à enchente que assolou o Estado recentemente. O mesmo já havia ocorrido no jogo Caxias X Figueirense, pela série D.
Lamentável a falta de respeito e de empatia desses poucos torcedores com as vítimas dos graves problemas provocados pela enchente. Brincar com assuntos sérios ou com a dignidade de pessoas é algo fora de qualquer senso de humanidade e racionalidade. Atitude reprovável em qualquer lugar, inclusive em estádios de futebol.
Por incrível que pareça, em um grupo de debates, um outro torcedor, não gaúcho, disse que “não via nada demais” nos gestos daqueles que debochavam da situação do Rio Grande do Sul. Foi além e disse que as reclamações “não passavam de “mimimi”.
Perguntei a ele como definia “mimimi”. Ele disse apenas que era “reclamar de tudo”. Fui além e perguntei se ele concordava com os deboches. Ele não respondeu. A situação ficou muito idêntica a outras que tenho acompanhado. Por exemplo: quando foi sancionada a lei que coíbe cânticos racistas e homofóbicos em estádios de futebol no Rio Grande do Sul, houve quem repetisse o mantra: “É mimimi”. Pedi a alguns que me explicassem por que e se concordavam com o racismo nos estádios. Não responderam.
Diante dessas situações, cada vez mais fico convicto de que “mimimi” tem pelo menos dois significados. Um deles é “Não tenho argumentos”. O outro é: “mimimi é a dor que não me atinge. Se ataca e ofende outras pessoas, desde que me atinjam, não to nem aí”. Também concluo que “mimimi” é uma reação irritada de alguns quando atos ofensivos e discriminatórios são coibidos.
