Coluna | Influencers: não entregue a sua saúde a qualquer um
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Coluna | Influencers: não entregue a sua saúde a qualquer um

Com a ascensão das redes sociais, influencers ganharam um papel significativo na promoção de hábitos de vida saudável, alimentação e práticas de bem-estar

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Embora isso tenha aumentado a conscientização sobre a importância de um estilo de vida equilibrado, é crucial alertar sobre os perigos de seguir conselhos não qualificados. Influencers frequentemente compartilham dicas de saúde que, muitas vezes, carecem de embasamento científico e podem representar riscos à saúde física e mental de seus seguidores.

De acordo com um estudo publicado no Journal of Medical Internet Research (2019), muitos influenciadores promovem dietas e regimes de treino com base em suas experiências pessoais, sem considerar a individualidade fisiológica de cada seguidor ou a necessidade de orientação especializada. Essa falta de conhecimento técnico pode levar à disseminação de informações incorretas, além de potencializar o desenvolvimento de transtornos alimentares, uso inadequado de suplementos e lesões por exercícios impróprios.

Muitas vezes, os influencers ganham patrocínios de marcas para promover produtos que prometem resultados milagrosos, como pílulas para emagrecer ou shakes substitutos de refeição. Embora a publicidade seja uma prática legítima, o British Medical Journal (2020) ressalta que os consumidores devem ser céticos quanto à eficácia e segurança desses produtos, já que muitos carecem de regulamentação adequada ou testes clínicos rigorosos.

A saúde mental é outra área afetada pela desinformação nas redes sociais. Uma pesquisa do International Journal of Eating Disorders (2020) destacou que dietas restritivas promovidas por influencers podem desencadear ou agravar transtornos alimentares em pessoas vulneráveis, como anorexia e bulimia. A pressão para alcançar o corpo “ideal” promovido nas redes sociais leva a comparações prejudiciais, gerando frustração, ansiedade e baixa autoestima em muitos seguidores.

Além disso, o foco excessivo em práticas de bem-estar, como “detox” ou jejum intermitente, sem orientação profissional, pode criar uma relação obsessiva com a alimentação e o exercício, culminando em transtornos como a ortorexia, caracterizada pela obsessão patológica por alimentação saudável.

É fundamental lembrar que a saúde e o bem-estar são ciências complexas, que exigem a combinação de conhecimento médico, nutricional e psicológico. O Conselho Federal de Nutrição do Brasil (CFN) adverte que dietas e regimes alimentares devem ser adaptados às necessidades específicas de cada indivíduo, levando em consideração sua história clínica, genética e estilo de vida. Da mesma forma, a prática de atividades físicas deve ser orientada por profissionais de educação física capacitados, que ajustam os treinos de acordo com as limitações e objetivos pessoais.

As diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) são claras ao destacar que, para manter uma boa saúde, é preciso seguir princípios básicos: alimentação balanceada, prática regular de atividades físicas, sono de qualidade e acompanhamento médico. Tentar acelerar ou alterar drasticamente esses processos com base em dicas de influencers pode ser prejudicial a longo prazo.

Enquanto muitos influencers podem ter boas intenções ao compartilhar suas rotinas e práticas de saúde, é importante que os consumidores questionem a validade das informações e procurem orientação de profissionais qualificados. Ao optar por seguir conselhos de pessoas sem formação adequada, existe o risco de comprometer a saúde física e mental.

Em um mundo saturado de informações digitais, a escolha consciente e informada é o caminho mais seguro para cuidar do próprio bem-estar. O equilíbrio entre buscar inspiração nas redes sociais e garantir que essa inspiração esteja embasada em dados científicos confiáveis é essencial para uma vida saudável e sustentável.

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