Três pacientes com problemas severos de visão voltaram a enxergar por mais de um ano após receberem transplantes de células-tronco, segundo um estudo publicado na revista The Lancet. A pesquisa, liderada pelo oftalmologista Kohji Nishida, utilizou células epiteliais corneais derivadas de células-tronco pluripotentes induzidas (iPSCs). Essas células foram reprogramadas para um estado embrionário e transformadas em folhas epiteliais para substituir o tecido cicatricial da córnea. O procedimento representa uma nova esperança para quem sofre de deficiência de células-tronco do limbo corneano (LSCD), condição que pode levar à perda total da visão.
O estudo contou com a participação de quatro pacientes, com idades entre 39 e 72 anos, tratados entre junho de 2019 e novembro de 2020. Após o transplante, todos os pacientes relataram melhorias imediatas na visão, sendo que três mantiveram os resultados por mais de um ano. Dois dos pacientes não utilizaram imunossupressores e, mesmo assim, não apresentaram rejeição ao enxerto, um avanço significativo em comparação com tratamentos convencionais, que muitas vezes enfrentam limitações devido ao risco de rejeição ou complicações.
Durante o acompanhamento de dois anos, os pesquisadores não identificaram eventos adversos graves, como rejeição imunológica ou formação de tumores – um dos principais receios no uso de células iPS. Além da melhora na acuidade visual, os pacientes relataram uma significativa elevação na qualidade de vida. Especialistas acreditam que as melhorias podem ser atribuídas tanto à regeneração proporcionada pelas células transplantadas quanto à ativação de células nativas da córnea.
Com esses resultados promissores, a equipe planeja novos ensaios clínicos a partir de março para validar a eficácia do tratamento em maior escala. O estudo reforça o potencial das células-tronco para revolucionar tratamentos de doenças oculares, como destacou Kapil Bharti, do Instituto Nacional de Olhos dos EUA: “Esses avanços indicam que estamos no caminho certo”. Outros estudos com células iPS estão em andamento globalmente, consolidando um futuro promissor para a medicina regenerativa.



