O Uruguai, vizinho direto do Rio Grande do Sul, há mais de um século, adotou uma política que o diferencia no cenário latino-americano: substituiu o Natal pelo Dia da Família no calendário oficial. Essa mudança é fruto de uma ampla estratégia de secularização iniciada em 1861, quando o controle dos cemitérios passou da Igreja para o Estado, culminando na Constituição de 1917, que oficializou a separação entre Igreja e Estado.
Outras datas religiosas também foram renomeadas: o Dia de Reis tornou-se o Dia das Crianças, a Semana Santa virou Semana do Turismo, e o Dia da Virgem foi transformado no Dia das Praias. Essas mudanças, entretanto, não impediram que tradições como árvores de Natal e luzes decorativas continuassem presentes no cotidiano dos uruguaios.
A secularização atingiu marcos como a proibição do ensino religioso em escolas públicas, a remoção de crucifixos de hospitais e a criação do casamento civil. Sob a liderança de José Batlle y Ordóñez, o Uruguai consolidou-se como um modelo de laicidade na região, destacando-se por políticas que refletem uma visão moderna e inclusiva.
Mesmo sem o feriado oficial, o Natal segue sendo celebrado em círculos familiares e entre amigos. Pesquisas indicam que o Uruguai lidera na América Latina em número de pessoas sem filiação religiosa, refletindo o impacto de mais de um século de transformação cultural e política.
Com a informação CNN.
								
															


