Nesta sexta-feira (10), o governo da Venezuela fechou a fronteira com o Brasil na cidade de Pacaraima, em Roraima, coincidindo com a posse de Nicolás Maduro para seu terceiro mandato como presidente. Militares venezuelanos posicionaram cones e se estabeleceram no limite entre os dois países, interrompendo o fluxo de veículos e reduzindo o movimento migratório na região. Imagens da Polícia Militar de Roraima confirmam a restrição, enquanto o Ministério da Justiça brasileiro declarou que a decisão foi unilateral e independente.
De acordo com a PM de Roraima, as atividades em Pacaraima seguem dentro da normalidade, apesar da leve redução no fluxo de entrada de migrantes venezuelanos no Brasil. A nota também destacou que restrições semelhantes já ocorreram em outros momentos políticos sensíveis na Venezuela, como antes das eleições presidenciais de junho do ano passado. Na ocasião, a fronteira foi fechada dois dias antes do pleito.
A posse de Maduro ocorre em meio a um impasse político e alegações de fraude eleitoral. Embora as autoridades venezuelanas tenham proclamado sua vitória, a oposição e organismos internacionais apontam irregularidades no pleito, reconhecendo o opositor Edmundo González como vencedor. A Suprema Corte da Venezuela, alinhada ao governo, proibiu a divulgação das atas eleitorais, que, segundo a oposição, comprovariam a vitória de González.
O Brasil, representado pela embaixadora Glivânia Maria de Oliveira na cerimônia de posse, mantém uma postura cautelosa. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não reconheceu oficialmente nenhuma das partes e cobrou transparência no processo eleitoral, em linha com a posição de outros líderes internacionais. O distanciamento marca uma mudança na relação historicamente próxima entre Lula e Maduro.



