O livro infantil “Formiga Amiga”, aprovado pelo Ministério da Educação (MEC) para distribuição em escolas públicas por meio do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), gerou controvérsia ao ser denunciado por editores e educadores por conteúdo considerado racista e estereotipado. A personagem principal, Dulce, é uma formiga ilustrada com feições humanas e caracterizada com turbantes e roupas coloridas. No entanto, ela é chamada de “negrinha” e comparada a um “capeta” em uma das páginas.
A denúncia foi iniciada por Gabas Machado, professor da rede municipal de Salvador, que ao analisar o livro em uma escola, criticou a associação da personagem com elementos tradicionalmente usados para denegrir a imagem de pessoas negras. A editora responsável, Gaudi Editorial, defendeu a obra, afirmando que o objetivo era valorizar a personagem e enaltecer o uso do turbante. No entanto, após as críticas, o livro foi retirado do PNLD e de circulação.
O FNDE, responsável pela gestão do PNLD, afirmou que o livro foi desclassificado, embora ele continue à venda em diversas plataformas online. A obra, que foi ilustrada com características humanas para a formiga, foi criticada por não respeitar as diferenças raciais e culturais de uma maneira que respeite a diversidade, conforme expressado em um documento protocolado por editores do movimento Livro Livre. Eles solicitaram que o livro fosse retirado da lista de aprovados e que medidas fossem tomadas.
Além disso, Gabas, que já tem experiência com literatura negra e antirracista, relatou represálias após denunciar o caso, apontando que professores que denunciam livros com racismo muitas vezes se sentem isolados e ameaçados.



