O café, um dos produtos mais consumidos pelos brasileiros, se tornou também um dos grandes vilões da inflação nos últimos meses. O preço da commodity segue em disparada, atingindo novos recordes e pressionando o orçamento das famílias.
Nessa quarta-feira (29), a cotação do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE) alcançou o maior valor nominal dos últimos 47 anos, sendo negociada a US$ 3,665 por libra-peso. O último registro próximo a esse patamar foi em 1977. Há pouco mais de um ano, em outubro de 2023, o preço estava em US$ 1,693 – menos da metade do valor atual.
Essa alta expressiva reflete diretamente no bolso do consumidor final. Ao longo de 2024, o preço médio do café torrado e moído subiu mais de 40%. Em janeiro do ano passado, o quilo custava, em média, R$ 29,62. Já em dezembro, o valor saltou para R$ 42,65.
Fatores por trás da alta
Especialistas apontam que a elevação dos preços está atrelada a fatores climáticos adversos, que comprometeram as safras recentes, reduzindo a oferta do produto. Além disso, os estoques da indústria se mantêm baixos, o que impulsiona ainda mais os preços.
Outro fator que influencia a valorização do café é a crescente demanda externa. O Brasil, maior produtor e exportador mundial da commodity, registrou um crescimento de 28% no volume de sacas embarcadas em 2024. Foram 50,4 milhões de sacas exportadas no período, um aumento significativo em relação ao ano anterior.
Perspectivas para 2025
A tendência de alta deve continuar nos primeiros meses de 2025. Associações que representam os produtores de café no Brasil já anunciaram novos reajustes, baseados nas previsões de uma colheita fraca devido às secas que atingiram as principais regiões produtoras do país em 2024.
O cenário não se restringe ao Brasil. O Vietnã, outro grande produtor mundial, também enfrenta problemas climáticos, o que deve impactar ainda mais a oferta global da commodity.
Com isso, o café, que já ocupa o posto de segunda commodity mais negociada no mundo – atrás apenas do petróleo –, segue em evidência no mercado internacional, mas com impactos cada vez mais sentidos pelo consumidor brasileiro.



