Um ano após a maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul, cerca de 380 pessoas ainda vivem em abrigos temporários no estado, a maioria delas em situação de extrema vulnerabilidade social. Em Canoas, cidade fortemente atingida pelas enchentes de 2023, o Centro Humanitário de Acolhimento (CHA) Esperança abriga 216 pessoas e deverá ser desativado até o fim de maio. Entre os acolhidos, histórias como a de Almerinda Veiga da Silva, que perdeu a filha com síndrome de Down e o marido em decorrência dos traumas da tragédia, revelam as marcas emocionais profundas deixadas pelas águas.
Mesmo com programas habitacionais emergenciais como o Compra Assistida, que oferece até R$ 200 mil para aquisição de imóveis prontos, muitos beneficiários relatam lentidão na entrega das moradias. Claudio Joel Bello, um dos contemplados, segue há quase um ano em abrigo aguardando a liberação da casa. Outros recebem auxílio de aluguel social ou são direcionados a moradias provisórias, como os contêineres instalados no bairro Estância Velha. No entanto, a falta de mobília tem dificultado a mudança de famílias como a de Almerinda, que só pretende deixar o abrigo quando tiver condições mínimas de habitação.
Segundo a prefeitura de Canoas, estão em construção 58 unidades provisórias com entrega prevista para maio, além de duas obras de habitação definitiva com 400 unidades financiadas pela Caixa. No total, o município estima a entrega de até 3 mil moradias para famílias atingidas pelas enchentes, num processo que ainda levará pelo menos 18 meses. Enquanto isso, os sobreviventes enfrentam o desafio de reconstruir suas vidas sem um lar fixo, em meio ao luto, à incerteza e à esperança de que o poder público cumpra suas promessas.



