O Brasil ocupa atualmente o terceiro lugar no ranking mundial de incidência de diabetes tipo 1 entre pessoas de 0 a 19 anos, com cerca de 92,3 mil casos, segundo dados da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), ficando atrás apenas da Índia e dos Estados Unidos.
O cenário preocupa médicos e especialistas, pois o diabetes infantojuvenil exige cuidados específicos e contínuos desde a infância, impactando diretamente a rotina das famílias.
Diferentes tipos de diabetes e suas causas
De acordo com o endocrinologista pediátrico e associado da SPRS, Dr. Guilherme Guaragna Filho, é fundamental que os pais conheçam os diferentes tipos de diabetes que podem atingir o público infantil.
“O mais comum é o diabetes tipo 1, uma doença autoimune que costuma se manifestar ainda na infância. Já o tipo 2 está mais relacionado à obesidade infantil e tem se tornado mais frequente, devido ao aumento do sedentarismo e da má alimentação. Nesse caso, a obesidade atua como fator de risco ambiental. No tipo 1, além da predisposição genética, há a necessidade de algum gatilho ambiental, ainda não totalmente identificado”, explica o médico.
Açúcar em excesso causa diabetes?
Uma dúvida comum entre pais e responsáveis diz respeito à relação entre o consumo de doces e o aparecimento da doença.
“No caso do tipo 1, o excesso de açúcar não é a causa. Já no tipo 2, o consumo excessivo pode levar ao ganho de peso, o que aumenta o risco de desenvolvimento da doença”, afirma Dr. Guaragna.
Ele também menciona o diabetes monogênico, uma forma mais rara, associada a mutações genéticas que afetam a liberação de insulina pelo pâncreas.
Sinais de alerta e diagnóstico precoce
Para garantir um tratamento eficaz e evitar complicações graves, como a cetoacidose diabética, o médico ressalta a importância de identificar precocemente os sintomas. Os principais sinais incluem:
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Sede excessiva
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Urina frequente
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Perda de peso repentina
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Fadiga
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Visão turva
Desafios do dia a dia e a importância do apoio
Conviver com o diabetes, especialmente o tipo 1, exige adaptação e dedicação da família, além de uma rede de apoio que inclui a escola e os profissionais de saúde.
“Mesmo com o uso de sensores de glicose, o controle da doença demanda uma rotina de aplicações diárias de insulina, alimentação controlada e organização dos horários. A prática de atividades físicas é importante, mas deve ser acompanhada para evitar hipoglicemias, que devem ser corrigidas com alimentos de rápida absorção, como suco de laranja, e não com chocolates”, explica o médico.
No ambiente escolar, o suporte adequado é essencial para que a criança possa aplicar insulina com segurança e esteja amparada em situações de emergência.
A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul reforça a necessidade de investir em educação em saúde para pais, cuidadores e professores, com o objetivo de reconhecer os sintomas precocemente e garantir o acompanhamento adequado das crianças diagnosticadas com diabetes.