Os principais modelos apontam para um volume de precipitação capaz de superar a média de todo o mês de junho em menos de 24 h. A Climatempo estima acumulados próximos a 200 mm em parte da Região Metropolitana, Vales do Caí e do Taquari e Serra entre a tarde de sábado (28) e a manhã de domingo (29).
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta vermelho para “grande perigo”, prevendo chuva acima de 100 mm/dia e rajadas de até 100 km/h no período, válido até o meio‑dia de domingo.
No fim da tarde desta sexta‑feira (27), o nível do Guaíba marcava 3,25 m na régua da Usina do Gasômetro – ainda abaixo da cota de inundação (3,60 m), mas sem retornar ao patamar de segurança após os eventos de maio.
O que diz o Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH/UFRGS)
“Os cenários indicam a possibilidade de o Guaíba voltar à cota de inundação – e até ficar um pouco acima dela – ao longo da próxima semana. A elevação virá primeiro pelo represamento causado por vento sul e, depois, pela chegada do grande volume de água das bacias do Taquari, Jacuí, Caí e Sinos”, explicou o pesquisador Fernando Fan, do IPH.
“Se a previsão de chuva se confirmar, teremos uma cheia prolongada: seriam necessários, pelo menos, sete dias para o nível baixar novamente dos 3 m.”
A projeção do órgão acadêmico, compartilhada com o Serviço Geológico do Brasil, é de que o pico possa ocorrer entre quarta (2) e quinta‑feira (3), repetindo ou ligeiramente superando os 3,60 m.
A estratégia da Defesa Civil de Porto Alegre:
A Defesa Civil municipal publicou, nesta sexta, alerta preventivo com base em laudo da consultoria Catavento Meteorologia, que prevê cerca de 100 mm apenas na Capital entre sábado e domingo.
“Seguimos em atenção máxima. Mantemos equipes permanentes nas áreas mais vulneráveis, principalmente nas ilhas, com um posto avançado na Ilha da Pintada”, informou o coordenador Cássio da Rosa.
“Não falamos em enchente como a de maio de 2024, mas em uma situação de vigilância, porque o Guaíba ainda não baixou completamente. Toda atuação é preventiva e baseada em dados técnicos.”
Desde a manhã, agentes realizam resgates pontuais de moradores e animais e reforçam orientações porta a porta, sobretudo em regiões onde o rio segue acima da cota local de alagamento.
A posição do DMAE:
O Departamento Municipal de Água e Esgotos declarou que “monitora, junto aos órgãos especializados, todos os prognósticos climáticos e hidrológicos”. As equipes de eletromecânica estão de sobreaviso para, se necessário, manter bombas da Casa de Bombas 17 e das estações do Arroio Cavalhada e do Mauá operando 24 h, além de desobstruir tapumes que ainda contêm resíduos trazidos pela cheia.
A trégua do mau tempo durou pouco. Com o solo encharcado e os rios ainda altos, o episódio de chuva previsto para o fim de semana não precisa repetir os volumes extremos de maio de 2024 para causar transtornos expressivos. A combinação de persistência da lâmina d’água, vento sul e aporte simultâneo de várias bacias torna o cenário de risco hidrológico elevado.
Orientação unânime dos órgãos consultados: moradores de áreas suscetíveis devem acompanhar os avisos oficiais, preparar rota de saída e manter rápidos os canais de comunicação com vizinhos e autoridades. A prevenção, nesta fase, depende tanto da eficiência dos serviços públicos quanto da decisão individual de deixar, no tempo certo, zonas ameaçadas.



