Apesar da queda, violência letal no RS ainda "escolhe" cor, idade e classe
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Foto: Freepik

Apesar da queda, violência letal no RS ainda “escolhe” cor, idade e classe

Outro destaque no cenário gaúcho é o crescimento dos crimes contra crianças e adolescentes, que aumentaram em todas as faixas etárias em comparação a 2023

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Apesar da queda expressiva nos índices de violência letal ao longo da última década, o Rio Grande do Sul ainda enfrenta desafios complexos em segurança pública. O estado registrou, entre 2014 e 2024, uma taxa de 20,8 mortes violentas intencionais por 100 mil habitantes, abaixo da média nacional, refletindo um esforço contínuo das forças de segurança, mas ainda distante de um cenário ideal.

Ao longo dos últimos dez anos, o estado computou 44.127 mortes violentas intencionais. Mesmo com uma leve redução de 4,9% nos desaparecimentos, os números revelam que o perfil das vítimas permanece alarmante: 91,1% eram homens, 79% negros, quase metade tinha até 29 anos, 73,8% foram mortos por armas de fogo e 57,6% em via pública.

O retrato da violência entre crianças e adolescentes também preocupa: 41,2% das mortes violentas de vítimas de 0 a 17 anos ocorreram na faixa dos 10 a 13 anos, e 57,7% entre 14 e 17. Houve aumento de 3,7% nesse tipo de ocorrência em 2024 no estado. Casos de bullying e cyberbullying seguem crescendo, com 2.543 e 452 registros, respectivamente, no último ano.

A atuação das forças de segurança também está em foco. No RS, 126 suicídios de policiais foram registrados em 2024, sendo um número que supera os homicídios de profissionais durante o trabalho (46) ou na folga (124). O dado revela uma realidade preocupante sobre a saúde mental na categoria. Além disso, o uso desproporcional da força por agentes de segurança continua sendo tema de debate: 3,7% das mortes violentas intencionais no país tiveram autoria policial, com algumas cidades registrando mais da metade das mortes causadas por agentes.

Em paralelo, crimes cibernéticos e fraudes seguem em alta. Em 2024, o país teve mais de 2,1 milhões de registros de estelionatos, sendo que o Rio Grande do Sul contribuiu significativamente para esse total, com mais de 70 mil ocorrências. Golpes virtuais e furtos de celulares tornaram-se rotina nas grandes cidades, em especial nos centros urbanos da Região Sul.

Outro destaque no cenário gaúcho é o crescimento dos crimes contra crianças e adolescentes, que aumentaram em todas as faixas etárias em comparação a 2023. Casos de abuso, maus-tratos e violência doméstica aparecem como os mais recorrentes, revelando a urgência de políticas públicas mais eficazes.

Ainda assim, o estado está entre os que apresentaram as menores taxas de mortes violentas em 2024: Santa Catarina (8,5 por 100 mil hab.), Distrito Federal (8,9) e São Paulo (8,2) lideram esse grupo. O RS aparece logo depois, indicando avanços, mas também sinalizando a importância de fortalecer políticas de prevenção e justiça social.

O panorama geral da segurança no Brasil, conforme revelado pelo estudo “Segurança em Números 2025”, evidencia que a violência continua tendo cor, idade, gênero e território. No Rio Grande do Sul, apesar dos esforços e avanços, os dados confirmam que a desigualdade e a vulnerabilidade social ainda ditam o rumo da segurança pública.

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