No final de junho, um grupo seleto de parlamentares se destacou por um motivo duplo: seu elevado patrimônio e a decisão conjunta de derrubar o aumento do IOF, imposto cobrado em operações financeiras no país. A votação atraiu os holofotes após o site The Intercept Brasil divulgar a lista com os 10 deputados mais ricos do Congresso e como cada um votou.
Encabeçando a lista está Eunício Oliveira (MDB-CE), com R$ 158 milhões, seguido por Jadyel Alencar (Republicanos-PI), com R$ 107 milhões, e Hercílio Diniz (MDB-MG), com R$ 65 milhões. Todos possuem empresas ou participações nos setores de construção, segurança, combustíveis e supermercados.
O deputado gaúcho Afonso Motta (PDT-RS) aparece entre os mais abastados, com R$ 23,8 milhões em bens, sendo produtor rural e proprietário de terras e fazendas. Assim como os demais nomes da lista, Motta votou contra o decreto que aumentaria o imposto.
Figuram também na lista Dilceu Sperafico (PP-PR), do setor de energia e agropecuária; Magda Mofatto (PRD-GO), empresária da hotelaria; e Josimar Maranhãozinho (PL-MA), com investimentos na construção civil. A presença majoritária de empresários evidencia a concentração de riqueza entre parte significativa dos deputados federais.
Veja quem perde mais com o aumento no imposto
O aumento nas alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) anunciado em julho de 2025 altera significativamente o cenário econômico para consumidores e empresas. Compras no exterior com cartões agora são tributadas em 3,5%, assim como remessas para fora do país e aquisição de moeda estrangeira — antes taxadas em 1,1%.
A classe média que investe em planos VGBL acima de R$ 50 mil mensais ou R$ 300 mil ao ano enfrenta nova tributação de 5%. Pequenos empresários e MEIs passam a pagar mais caro pelo crédito, com a alíquota subindo para 0,95% e a taxa diária duplicada.
O setor aéreo estima prejuízo de até R$ 600 milhões devido ao aumento de custos com remessas externas para manutenção e leasing. Agências de turismo e o varejo — que dependem de antecipação de recebíveis — também relatam dificuldades com o novo cenário.
Instituições financeiras, seguradoras e empresas que operam com exportações, como no agronegócio, enfrentam impactos variados. Já setores com menor dependência de crédito, como telecomunicações e educação, sentem efeitos mais amenos.



