Na próxima quinta-feira (31), o IBGE divulgará a taxa de desocupação referente ao trimestre encerrado em junho. Desta vez, porém, os dados trarão uma novidade importante: a atualização da base de cálculo da Pnad Contínua, principal pesquisa sobre o mercado de trabalho no país, com base nas informações do Censo Demográfico de 2022. Isso significa que a série histórica será ajustada para refletir o novo retrato da população brasileira.
Com a reponderação, a amostra de domicílios visitados pelos pesquisadores será recalibrada conforme o perfil real identificado pelo Censo. Como consequência, as taxas de desemprego divulgadas nos últimos anos podem passar por pequenas alterações — geralmente discretas, segundo o próprio IBGE, sem impacto relevante nos indicadores proporcionais. A última grande atualização desse tipo ocorreu após o Censo de 2010, e o instituto também já realizou ajustes em situações excepcionais, como durante a pandemia de covid-19.
A mudança se justifica pela diferença entre a estimativa populacional anterior, usada pela Pnad, e o número mais preciso identificado pelo Censo. Em 2024, por exemplo, a Pnad estimava mais de 216 milhões de habitantes, enquanto a projeção com base no Censo indica 212,6 milhões. Essa correção torna os dados mais confiáveis e alinhados com a realidade.
A pesquisa do IBGE visita cerca de 211 mil domicílios por trimestre em todo o país e considera desempregado apenas quem está efetivamente em busca de trabalho. Isso difere do Caged, do Ministério do Trabalho, que inclui apenas os empregados com carteira assinada.
O último resultado da Pnad, divulgado em junho, apontou uma taxa de desocupação de 6,2% no trimestre encerrado em maio — a menor para o período desde o início da série histórica, em 2012. Ainda assim, os dados podem passar por pequenas revisões com a atualização da base populacional. A menor taxa já registrada foi de 6,1% em novembro de 2024; a maior, de 14,9%, foi observada durante a pandemia.
Com os dados do Censo 2022, o IBGE incorporará na amostragem da Pnad dimensões mais precisas da população, como proporções entre homens e mulheres, distribuição racial e grau de urbanização. O Censo revelou, por exemplo, que o Brasil tem 203 milhões de habitantes, sendo 51,5% mulheres e 87,4% vivendo em áreas urbanas.
Essas mudanças garantem maior precisão aos indicadores e refletem uma prática comum também em outros países, que atualizam suas pesquisas amostrais após cada novo censo.



