Uma pergunta feita por uma seguidora nas redes do Porto Alegre 24 Horas levantou um ponto importante: por que os piores ciclones extratropicais ocorrem com tanta frequência no Rio Grande do Sul? E por que, nos últimos anos, eles parecem se concentrar quase exclusivamente aqui?
A resposta envolve uma combinação de fatores geográficos e climáticos. O RS está em uma área onde massas de ar quente vindas do Norte se encontram com ar frio vindo do Sul. Esse contraste térmico favorece a formação de ciclones extratropicais — fenômenos comuns na região, mas que têm se tornado mais intensos.
Além disso, o aquecimento do Oceano Atlântico Sul, associado às mudanças climáticas, tem alimentado sistemas mais severos. O resultado são ciclones com ventos mais fortes, chuvas mais volumosas e maior potencial destrutivo.
De acordo com estudos da UFRGS, o litoral sul do Brasil vem registrando um aumento no número de eventos com características de ressaca e ciclone entre abril e outubro. Já o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) aponta que, mesmo que o número de ciclones não tenha aumentado tanto, a intensidade dos eventos é visivelmente maior.
Em 2023, por exemplo, dois grandes ciclones atingiram o RS com força devastadora: o primeiro, em junho, deixou ao menos 15 mortos; o segundo, em setembro, causou 47 mortes e foi o desastre com maior número de vítimas desde 1959. Em 2020, o chamado “ciclone-bomba” gerou ventos de mais de 150 km/h na região Sul.
A tendência, segundo pesquisadores da UFSC e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), é de que eventos climáticos extremos se tornem mais frequentes e intensos no estado nos próximos anos.
Enquanto isso, a estrutura do Rio Grande do Sul — como drenagens urbanas, barragens, sistemas de alerta e políticas públicas — ainda não acompanha a gravidade da nova realidade climática. Falta investimento, prevenção e planejamento de longo prazo.
A pergunta feita pela nossa seguidora é mais que pertinente. O que mais precisa acontecer para o RS sair da reação emergencial e partir para a prevenção eficaz?