O senador e ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou, em entrevista recente ao jornal Folha de S. Paulo, que Jair Bolsonaro (PL) teria sido reeleito em 2022 caso ele tivesse sido mantido como vice na chapa governista. Segundo o general da reserva, nessa hipótese, nem o ex-presidente nem o então candidato a vice, Walter Braga Netto, estariam hoje respondendo a processo por tentativa de golpe. “Se eu tivesse sido o candidato a vice dele, nós teríamos ganho”, disse Mourão, acrescentando que, nesse cenário, “não tinha acontecido nada, estava todo mundo feliz da vida”.
A declaração foi dada após ser questionado se ter sido preterido não teria sido, de certa forma, uma bênção. Mourão evitou explicar o que o leva a acreditar que sua presença na chapa teria mudado o resultado da eleição, mas aproveitou para se diferenciar de Braga Netto, a quem defende publicamente e com quem mantém amizade há mais de 40 anos. Ele também destacou que, ao contrário de outros generais próximos de Bolsonaro, não enfrenta processos relacionados às tentativas de ruptura institucional no fim do governo.
Na ação que corre no Supremo Tribunal Federal, Mourão foi listado como testemunha por quatro réus: Bolsonaro, Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira. Em depoimento, disse nunca ter ouvido, nas reuniões de transição, qualquer plano para contestar o resultado eleitoral ou promover um golpe. Apesar de críticas veladas a Bolsonaro, fez elogios a Braga Netto e Augusto Heleno, ressaltando suas trajetórias militares e amizade pessoal.
O senador contou que visitou Braga Netto no quartel-general da 1ª Divisão de Exército, na Vila Militar, no Rio, onde o general está preso desde dezembro. Ele presenteou o ex-ministro com o livro “The Generals”, de Winston Groom, sobre lideranças militares na Segunda Guerra Mundial, justificando que quis dar algo que ajudasse a “levantar a moral” do colega.



