Bugio, símbolo da cultura gaúcha, recebe título de patrimônio imaterial
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Foto: Julio Cesar Bicca-Marques/RS.Gov

Bugio, símbolo da cultura gaúcha, recebe título de patrimônio imaterial

De porte robusto e dieta baseada em folhas, mas também frutas e ovos, o bugio é famoso pelo “ronco” grave dos machos

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O bugio — que é macaco, ritmo musical e dança — ganhou nesta terça-feira (12) o título de patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Sul. A oficialização ocorreu em cerimônia no Multipalco Eva Sopher, em Porto Alegre, promovida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae).

O reconhecimento celebra um gênero musical com raízes profundas na Serra Gaúcha, especialmente nas cidades de São Francisco de Assis e São Francisco de Paula, berços do estilo e palco de festivais como o Querência do Bugio e o Ronco do Bugio.

Da mata para o palco

A história do bugio remonta ao século XIX, quando tropeiros imitavam, em suas gaitas de fole, o ronco característico do primata. A sonoridade ganhou novos elementos ao incorporar influências indígenas guarani, como o takuapu — chocalho de taquara utilizado para marcar o compasso das danças, geralmente tocado por mulheres.

“O takuapu foi o primeiro compasso do bugio. Depois, vieram o acordeão, o violão e a rebeca”, explica Israel Da Sois Sgarbi, luthier de acordeão e autor do livro O ritmo musical do bugio. Segundo ele, tropeiros e indígenas trocavam gestos e sons durante encontros em acampamentos próximos a áreas de mata.

Na dança, o bugio se distingue por passos rápidos que lembram movimentos do macaco: dois passos, um pulinho, mais dois passos, num ritmo ágil e marcado. A primeira gravação do estilo foi feita nos anos 1950 pelos Irmãos Bertussi, no Rio de Janeiro, com a música Casamento da Doralice.

Celebração estadual

O ato integra a programação do Dia Estadual do Patrimônio Cultural, celebrado sempre no terceiro fim de semana de agosto. Nesta sexta-feira (15), às 19h, haverá o badalar simultâneo de sinos de igrejas e tambores de terreiros em diversas cidades, incluindo Porto Alegre.

Na sequência, a Casa de Cultura Mario Quintana será palco de uma apresentação especial: 150 vozes distribuídas pelas janelas, passarelas e sacadas entoarão canções populares gaúchas, sob regência do maestro Eduardo Alves. O grupo reúne integrantes de 27 coros ligados à Federação de Coros do RS (Fecors).

O bugio, o macaco

Além de inspirar um ritmo, o bugio é um primata do gênero Alouatta, encontrado do México ao norte da Argentina. Também chamado de macaco-ruivador, guariba ou barbado, vive em grupos de até 18 indivíduos, liderados por um macho dominante.

De porte robusto e dieta baseada em folhas, mas também frutas e ovos, o bugio é famoso pelo “ronco” grave dos machos — um chamado que serve para marcar território e pode ser ouvido a quilômetros de distância.

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