Independente da visão política de cada um, o que não dá para negar é que, na última quarta-feira (10), o mundo testemunhou uma cena trágica. Charlie Kirk, um ativista da direita norte-americana, foi assassinado diante de centenas de olhos e câmeras que registraram o momento para o mundo inteiro ver. Apesar de não ser, nem de longe, o único atentado com motivações políticas, ver esse tipo de coisa é sempre triste e revoltante. Ao menos, é este o sentimento que deveria estar dominando a todos, tanto na direita quanto na esquerda.
Contudo, não é isso que estamos vendo. Na verdade, o que estamos observando é justamente o que já se esperava: uma tragédia virando um palanque político. E, se ficasse só nisso, apesar de nojento, seria nada menos do que o esperado. Mas a morte de Kirk virou motivo de deboche em diversos setores da esquerda mundial. Aqui no Brasil, o caso mais evidente disso foi o vídeo lamentável que o escritor e jornalista Eduardo Bueno, o Peninha, publicou em suas redes sociais sobre o fato. Vale destacar que esta não é a primeira vez que o comunicador faz comentários de mau gosto, como quando sugeriu que sua filha poderia causar um atentado em uma das casas do magnata Elon Musk.
Mas nem de longe Peninha está sozinho nessa. Até mesmo um neurocirurgião chamado Ricardo Barbosa, de Recife, fez o seguinte comentário em um post nas redes sociais: “Um salve a este companheiro de mira impecável. Coluna cervical.” Até mesmo um médico, que jurou salvar vidas, está vibrando com a morte de uma pessoa por razões políticas. Não entendo muito da área médica, mas algo me diz que isso vai totalmente contra todos os códigos de ética da profissão. Aliás, isso vai contra tudo o que um ser humano com um mínimo de bom senso faria.
E parece, até o momento, que apenas a direita está fazendo barulho e chamando atenção para essa situação lamentável. A esquerda? Tirando um ou outro gato pingado que resmungou alguma coisa contra o atentado, o que podemos ouvir é um silêncio ensurdecedor. Mas é possível imaginar que, se fosse um ativista da esquerda naquela mesma cadeira em que Charlie Kirk estava, a situação seria bem diferente. Também é curioso testemunhar o silêncio de outros membros da própria esquerda que não repreenderam Peninha ou o neurocirurgião. “Quem cala consente?” As coisas não são simples assim, mas é a impressão que fica para a maioria das pessoas. Apesar disso, as falas do escritor não passaram totalmente despercebidas, uma vez que ele teve uma apresentação cancelada que ocorreria neste domingo (14) na PUCRS. Um ofício também foi enviado ao consulado dos Estados Unidos por parlamentares do Novo.
O ativista não era muito conhecido no Brasil, com exceção de alguns núcleos de direita. Por causa da tragédia, agora todos sabem que Charlie Kirk existiu. E, antes de ser um ativista, independentemente do lado político, ele era uma pessoa, um pai e um marido. Além de a esposa e os filhos terem que conviver com o trauma de verem a morte dele gravada para o mundo inteiro assistir, imagina a repulsa de verem que tamanha tragédia foi não só ignorada por um dos lados, como também feita de chacota por figuras deste mesmo espectro político? Mas acho que este é o espírito dos nossos tempos: uma sociedade doente, que não consegue mais enxergar um ser humano do outro lado, apenas um aliado ou inimigo político.