Um adolescente de 16 anos foi apreendido na última segunda-feira (29) em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, suspeito de matar o próprio pai, identificado como Mauro Kiper Miotti, de 56 anos. O homicídio, segundo a investigação, ocorreu em 6 de setembro, mas só veio à tona após uma denúncia anônima que levou a Polícia Civil até o jovem. O corpo foi encontrado enterrado em uma área rural do município.
De acordo com o delegado Adriano Linhares, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), o adolescente admitiu ter usado uma espingarda para atirar na cabeça do pai e depois esconder o corpo. Para ocultar o cadáver, contou com a ajuda de dois amigos, de 20 e 21 anos, que teriam recebido em troca bens materiais. “Para um, ele pagou R$ 350 por uma tatuagem no pescoço, segundo ele. E para o outro, deu dois pneus. Ou seja, R$ 350 mais dois pneus”, relatou o delegado.
A dupla, apesar de negar participação no crime, foi presa em flagrante por ocultação de cadáver.
Depoimentos contraditórios
Durante os interrogatórios, o adolescente apresentou versões diferentes. Em um primeiro momento, alegou que o pai teria fugido por envolvimento em crimes na região. Pressionado pela falta de provas, acabou confessando o homicídio.
Versões em conflito
À Polícia, o adolescente inicialmente disse que matou o pai por desentendimentos familiares. Já a mãe apresentou uma versão mais grave: segundo ela, Miotti teria a violentado sexualmente no passado, quando era casado com sua mãe, e, portanto, era seu padrasto. Dessa relação nasceu o adolescente.
Após anos afastado, o jovem teria se aproximado do pai recentemente. Nesse reencontro, o homem teria contado detalhes sobre os abusos cometidos contra a mãe, que na época era sua enteada. Esse relato, segundo a mulher, teria sido o estopim para o assassinato.
A Polícia Civil, porém, vê indícios de que o crime teve motivação financeira. Miotti era dono de uma borracharia localizada na avenida João Goulart, em Santana do Livramento, que passou a ser administrada exclusivamente pelo adolescente após a morte. A arma utilizada no crime ainda não foi localizada.
Vida após o crime
Segundo a investigação, o jovem não demonstrou sinais de luto. Pelo contrário, manteve uma rotina normal, fez viagens, participou de festas com amigos, inclusive os que teriam ajudado a ocultar o corpo, ostentou nas redes sociais e chegou a se envolver em um acidente enquanto dirigia o carro da vítima, acompanhado de outra menor de idade.
Jovem tentou atropelar o padrasto
As apurações também revelaram que, após o assassinato do pai, o adolescente teria tentado atropelar o padrasto em Palmeira das Missões. Ele jogou o carro contra o homem, que chegou a ser atingido de raspão, mas conseguiu escapar sem ferimentos graves. O caso segue sendo investigado pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco).
