Desigualdade social já compromete coração de adolescentes no Brasil, revela estudo conduzido pelo HCPA e UFRGS
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Foto: Imagem meramente Ilustrativa / Freepik

Desigualdade social já compromete coração de adolescentes no Brasil, revela estudo conduzido pelo HCPA e UFRGS

Estudo revela impacto das desigualdades socioeconômicas na saúde cardiovascular de adolescentes brasileiros

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Um estudo nacional com mais de 34 mil adolescentes revelou que desigualdades socioeconômicas têm um efeito significativo na saúde cardiovascular (SCV) de jovens entre 12 e 17 anos. A pesquisa, conduzida por especialistas do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), faz parte do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA).

Orientadora do estudo, a professora Michele Drehmer explica que o trabalho evidencia que as doenças do coração começam a ser moldadas já na adolescência. “Quanto maior o número de desvantagens sociais, como baixa escolaridade dos pais, cor da pele preta, parda ou indígena, estudar em escola pública, ter pouca posse de bens ou viver em famílias fragmentadas, pior é a saúde cardiovascular. Combater desigualdades sociais é, na prática, também prevenir doenças do coração”, ressalta.

A saúde cardiovascular foi medida por meio do escore Life’s Essential 8 (LE8), que avalia hábitos e fatores de risco em uma escala de 0 a 100 pontos. Entre os aspectos analisados estão alimentação, atividade física, sono, tabagismo, índice de massa corporal, colesterol, glicemia e pressão arterial. Quanto maior o escore, melhor a condição de saúde. A professora do Clínicas e da UFRGS Beatriz Schaan, relata que este é um dado inédito sobre a população de adolescentes brasileiros. “Os achados reforçam ainda mais a importância de políticas públicas que contemplem as desigualdades, porque mesmo em jovens elas já impactam em indicadores de saúde”, afirma.

O levantamento mostrou que 80,7% dos adolescentes estavam expostos a pelo menos duas desvantagens socioeconômicas, como baixa escolaridade dos pais, família fragmentada, falta de bens, tipo de escola e cor da pele. Em média, os jovens obtiveram 75,9 pontos no LE8, mas aqueles que enfrentaram todas as desvantagens tiveram o índice de 4,5 pontos menor, mostrando um risco agravado.

Entre os fatores mais impactados pelas desigualdades estão atividade física e tabagismo, seguidos pela influência significativa da estrutura familiar.

O impacto dos resultados

Segundo as pesquisadoras, compreender a relação entre desigualdade social e saúde é essencial para políticas públicas que promovam hábitos saudáveis e reduzam riscos precoces. A prevenção deve começar cedo, e passa por acesso à educação e a ambientes que favoreçam escolhas saudáveis, além de apoio familiar. Os achados reforçam a necessidade da realização de mais estudos de seguimento para gerar evidências ainda mais robustas.

A pesquisa Association between simultaneous exposure to socioeconomic disadvantages and cardiovascular health of Brazilian adolescents, de autoria de Priscila Bárbara Zanini Rosa, Felipe Vogt Cureau, Beatriz D. Schaan, Juliana Sena de Souza e Michele Drehmer foi publicada na edição de setembro do American Journal of Preventive Cardiology. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2666667725003605?ref=pdf_download&fr=RR-2&rr=979f6ca6185ea67d

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