A crise política em Cachoeirinha se intensificou nesta sexta-feira (24) após uma série de demissões ordenadas pelo prefeito Cristian Wasem (MDB) em resposta à abertura do processo de impeachment contra ele e o vice-prefeito, João Paulo Martins (PP). Entre os exonerados estão o secretário de Cultura, Esporte e Lazer, Ildo Júnior — filho da presidente da Câmara, Jussara Caçapava (Avante) — e outros servidores ligados a vereadores que votaram pela admissibilidade do processo. A medida gerou forte reação no Legislativo e culminou com o rompimento político de parte da base aliada do governo.
Cerca de 100 cargos comissionados (CCs) ligados aos parlamentares favoráveis ao impeachment compareceram à Prefeitura para protocolar seus pedidos de demissão, em um movimento coordenado de protesto. Segundo lideranças do grupo, a decisão do prefeito foi vista como uma tentativa de interferência do Executivo em um processo que é de competência do Legislativo. Entre os vereadores que aderiram à entrega coletiva de cargos estão Paulinho da Farmácia (PDT), Marcelinho (MDB), Sandrinha (Republicanos) e Tiago Eli (PP).
A tensão política se soma ao processo de impeachment, aprovado por 13 votos a 4 na Câmara, que investiga supostas irregularidades em repasses de R$ 2,7 milhões durante as enchentes de 2024 e possível superfaturamento na compra de telas interativas. As mesmas denúncias também são analisadas na Justiça Eleitoral, em uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) que pode resultar na cassação dos mandatos e inelegibilidade por oito anos.
O cenário indica um enfraquecimento crescente da base governista e o risco de paralisia administrativa em setores da Prefeitura. Com o avanço do processo político e da ação judicial, o futuro de Cristian Wasem e João Paulo Martins parece cada vez mais incerto, enquanto Cachoeirinha mergulha em um dos períodos mais turbulentos de sua história recente.



