A convivência entre crianças e animais de estimação vai muito além do afeto: ela contribui para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo infantil. Segundo o pediatra do Desenvolvimento e Comportamento e membro do Comitê de Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), Dr. Renato Santos Coelho, o contato com pets estimula a empatia, a responsabilidade e o respeito, além de ajudar a reduzir a ansiedade e o estresse.
“Os animais funcionam como companheiros não julgadores, que oferecem conforto e diminuem a solidão. O simples ato de acariciar um pet já reduz a tensão e promove bem-estar. É uma relação recíproca: o animal aprende a reconhecer a criança e passa a protegê-la física e emocionalmente”, explica o pediatra.
Pesquisas reforçam esses benefícios. Um estudo publicado na revista Preventing Chronic Disease, com base em dados da CABI Human Animal Interactions, acompanhou 643 crianças de 4 a 10 anos e apontou que aquelas que conviviam com cães apresentavam menores níveis de ansiedade e melhor regulação emocional.
De acordo com o Dr. Renato, os efeitos positivos são ainda mais fortes quando há vínculo afetivo e participação da criança nos cuidados diários com o animal. “Essa interação cria senso de pertencimento e reduz o tempo de exposição às telas, o que também favorece o desenvolvimento social e cognitivo”, observa.
Cães e gatos são os pets mais indicados para famílias com crianças, desde que tenham temperamento dócil. Em espaços menores, coelhos, peixes ou hamsters podem ser alternativas — embora ofereçam menos interação. “A escolha do animal deve considerar o estilo de vida da família, o espaço disponível e o tempo dedicado aos cuidados. O pet deve ser fonte de alegria, não de estresse”, orienta o médico.
A introdução do animal na rotina deve ocorrer, preferencialmente, quando a criança tem cerca de cinco ou seis anos — idade em que já compreende noções básicas de cuidado e respeito. Antes disso, o contato precisa ser supervisionado. “Crianças menores de quatro anos têm maior risco de acidentes, especialmente mordidas na face, que podem deixar sequelas permanentes”, alerta.
Entre os principais cuidados estão vacinação e vermifugação em dia, higiene após o contato, ambiente limpo e ensino de limites. O especialista também chama atenção para a tendência de humanizar os animais, o que pode gerar comportamentos inadequados e frustrações.
Em casos de crianças com alergias ou asma, o convívio deve ser avaliado por um médico. Ainda assim, quando bem conduzida, a relação traz ganhos significativos. “A convivência com os animais ensina empatia, autocontrole e respeito à vida. É uma forma de educação afetiva que marca a infância de maneira profunda”, conclui o Dr. Renato.
*Com a informação SPRS



