A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou, na manhã desta quarta-feira (12), uma operação contra uma organização criminosa especializada em golpes virtuais que utilizava deepfakes — vídeos manipulados com inteligência artificial — para enganar vítimas em sites falsos que imitavam o portal do Governo Federal.
A ação, que contou com o apoio das Polícias Civis de Minas Gerais e São Paulo, cumpriu nove mandados de busca e apreensão, além do bloqueio de contas bancárias e bens dos investigados. O prejuízo estimado ultrapassa R$ 1,3 milhão, atingindo vítimas em diversos estados brasileiros.
Golpe com vídeos falsos e promessa de indenização
Segundo as investigações, os criminosos publicavam anúncios pagos em redes sociais, redirecionando usuários para páginas falsas que simulavam ser do governo. Para dar credibilidade ao golpe, usavam vídeos gerados por IA com figuras públicas, entre elas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “confirmando” o suposto benefício.
As vítimas — muitas idosas, algumas com mais de 80 anos — eram induzidas a informar o CPF e a pagar uma taxa via PIX para liberar uma indenização que chegaria a quase R$ 6 mil. O dinheiro era direcionado para uma empresa de pagamentos controlada pelo grupo e, em seguida, distribuído entre contas de laranjas.
Para dificultar o rastreamento, os criminosos faziam uso de VPNs e servidores proxy.
Jovens comandavam o esquema
O núcleo da operação estava em Conselheiro Lafaiete (MG), onde atuavam dois jovens: um de 24 anos, dono do gateway de pagamentos, e outro de 25, responsável pela parte técnica e infraestrutura digital usada para mascarar as operações. A polícia também identificou um terceiro integrante em São Paulo, que recebia parte dos valores desviados.
Operação e apreensões
Cerca de 50 policiais civis participaram do cumprimento das ordens judiciais. Foram apreendidos dispositivos eletrônicos, veículos de luxo e valores bloqueados para ressarcimento das vítimas.
De acordo com a Polícia Civil, o grupo comercializava ainda contas de redes sociais “aquecidas”, com muitos seguidores, para impulsionar fraudes e burlar bloqueios das plataformas.



