As mulheres do Rio Grande do Sul estão entre as que mais adiam a maternidade no Brasil, segundo o estudo Cadernos RS no Censo 2022: Migração e Fecundidade, elaborado pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). A pesquisa, baseada em dados do Censo 2022 do IBGE, mostra que a idade média da fecundidade no Estado é de 29 anos, a mais alta entre todos os 26 estados brasileiros e a segunda maior do país, atrás apenas do Distrito Federal, com 29,3 anos.
O levantamento aponta que as gaúchas têm menos filhos e em idades mais avançadas. A taxa de fecundidade total — número médio de filhos por mulher — é de 1,44, bem abaixo da taxa de reposição populacional de 2,1. Todos os Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes) apresentaram índices inferiores a esse nível, variando entre 1,26 e 1,88 filho por mulher. Mantido esse ritmo, uma população de 100 mil pessoas seria substituída por apenas 32,2 mil após três gerações.
Fatores que influenciam o atraso da maternidade
O estudo aponta o aumento da escolaridade feminina como um dos principais motivos para a postergação da maternidade. Entre as mulheres com ensino superior completo, a taxa de fecundidade é de 1,11 filho por mulher, com concentração dos nascimentos entre 30 e 34 anos. Já entre aquelas com menor escolaridade, os nascimentos ocorrem em idades mais precoces.
Diferenças raciais também se refletem nesse padrão: mulheres brancas têm, em média, 1,37 filho, enquanto mulheres pretas têm 1,59 e pardas, 1,64. O perfil das mulheres brancas tende à maternidade tardia, enquanto o das pardas se concentra entre 20 e 24 anos.
Cresce o número de mulheres sem filhos
Outro dado relevante é o aumento das mulheres sem filhos vivos. Entre aquelas de 50 a 59 anos, que já ultrapassaram o período reprodutivo, o percentual subiu de 11,1% em 2010 para 14,3% em 2022. O Corede Metropolitano Delta do Jacuí apresenta a maior proporção de mulheres sem filhos (19,7%), enquanto o Fronteira Noroeste tem a menor (8,7%).
Com um dos menores índices de filhos por mulher do Brasil, o Rio Grande do Sul se aproxima dos padrões de São Paulo e do Distrito Federal, revelando uma mudança cultural e social profunda. A tendência reflete o avanço da educação feminina, a entrada mais tardia no mercado de trabalho, e o planejamento familiar — fatores que vêm transformando o perfil das famílias gaúchas nas últimas décadas.
Com informações GZH



