Kauana do Nascimento, de 32 anos, foi condenada nesta terça-feira (16) a 44 anos, 5 meses e 10 dias de reclusão pelo assassinato da filha Anna Pilar Cabrera, de 7 anos, em agosto de 2024, em Novo Hamburgo. A decisão foi tomada pelo Tribunal do Júri após um julgamento que durou todo o dia. Durante o interrogatório, a ré iniciou seu depoimento afirmando: “Tentei ressuscitar e acabei perdendo a minha filha”, e disse não se lembrar do momento em que desferiu as facadas, relatando apenas que entrou no apartamento com a menina e depois acordou com a criança já sem vida, em meio a uma poça de sangue.
Ao longo do depoimento, Kauana descreveu uma trajetória marcada por traumas pessoais e dificuldades. Disse ter sido vítima de abuso sexual na infância, enfrentado complicações na gestação e relatou que a filha apresentava atraso global do desenvolvimento, com necessidade de acompanhamento médico, psicológico e fonoaudiológico. Segundo ela, arcava sozinha com os custos dos tratamentos após a separação do marido, pai da criança, e afirmou ter recorrido à prostituição para manter as despesas. A acusada também declarou que sempre se sentiu mãe solo, mesmo durante o casamento, e que chegou a iniciar o curso de pedagogia para educar a filha em casa.
O Ministério Público sustentou que o crime foi cometido como forma de retaliação ao ex-companheiro e apontou que a menina foi atacada enquanto dormia. Kauana foi condenada por homicídio qualificado, com quatro agravantes: motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e crime contra menor de 14 anos e descendente. A defesa informou que irá recorrer da decisão, alegando que a ré sofreu um surto psicótico e que a sentença ignora laudos e reforça um discurso misógino. O julgamento segue com desdobramentos no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.




