Com a elevação das temperaturas e a chegada do verão, quando a exposição solar se torna mais intensa e frequente, dermatologistas reforçam a importância da atenção diária com a pele, maior órgão do corpo humano. O câncer de pele é o tipo de tumor maligno mais comum no Brasil. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o país registra cerca de 220 mil novos casos do tumor não melanoma por ano — número que tende a aumentar nos meses mais quentes, período em que as atividades ao ar livre se intensificam.
A campanha Dezembro Laranja, promovida nacionalmente, busca ampliar a conscientização para que os cuidados não fiquem restritos ao período de praia. No Brasil, porém, hábitos essenciais de proteção ainda estão longe do ideal, como mostram pesquisas recentes.
Metade da população nunca passou por um dermatologista
Um levantamento divulgado recentemente pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) em parceria com o Datafolha revela que:
* 71% dos brasileiros não usam protetor solar diariamente;
* 54% da população com 16 anos ou mais (cerca de 90 milhões de brasileiros) nunca consultou um dermatologista;
* Entre os que já procuraram um especialista alguma vez, apenas 12% o fizeram no último ano;
* 41% dos entrevistados relataram ter notado, nos últimos 12 meses, mudanças ou sinais na pele, cabelo ou unhas, como manchas, pintas, bolhas ou queda de cabelo;
* 20% nunca ou raramente fazem o autoexame da pele.
Os dados revelam que, mesmo diante de sinais e sintomas, grande parte da população não procura avaliação médica ou acompanhamento especializado.
Sinais de alerta: o que observar
A dermatologista Sabrina Sanvido, do Hospital Moinhos de Vento, reforça que a atenção às mudanças na pele é decisiva para a detecção precoce do câncer. “Pintas que mudam de cor, formato ou tamanho, lesões que sangram, coçam ou ardem e manchas que descamam não podem ser ignoradas. Qualquer alteração suspeita deve ser avaliada por um dermatologista o quanto antes”, afirma.
Quando diagnosticado no início, o câncer de pele costuma apresentar alta probabilidade de cura e exigir tratamentos menos invasivos. Com o aumento da exposição solar nesta época do ano, hábitos de proteção e acompanhamento médico regular tornam-se fundamentais para reduzir riscos. Para Sabrina Sanvido, o cuidado deve ser incorporado à rotina, especialmente no verão. Entre as principais recomendações estão:
* Aplicar protetor solar diariamente, inclusive em dias nublados;
* Reaplicar a cada 2 ou 3 horas em caso de exposição prolongada;
* Usar acessórios de proteção, como chapéus, roupas com filtro UV e óculos escuros;
* Evitar o sol entre 10h e 16h, período de maior intensidade dos raios UV;
* Realizar autoexame da pele, observando pintas, manchas ou lesões novas ou que apresentem mudança;
* Consultar anualmente um dermatologista, mesmo sem queixas aparentes.
Além da avaliação médica, hoje existem tecnologias que tornam o diagnóstico mais preciso, como o exame de dermatoscopia digital, que registra e compara imagens de pintas e lesões ao longo do tempo. Ele é especialmente indicado para pessoas com muitas pintas, histórico familiar de melanoma ou lesões suspeitas.
“Cuidar da pele não é vaidade, é prevenção. Identificar alterações cedo aumenta muito as chances de um tratamento bem-sucedido. No verão, quando naturalmente nos expomos mais ao sol, incorporar o protetor solar à rotina é um gesto simples que protege e faz diferença no longo prazo”, ressalta a dermatologista.



