A decisão do Banco Central de decretar a liquidação extrajudicial do banco Master, aguardada há meses pelo mercado financeiro, passou a ser alvo de controvérsia após a intervenção do Tribunal de Contas da União (TCU). O ministro Jonathan de Jesus ameaçou suspender a medida por meio de cautelar, alegando possível “precipitação”, e concedeu prazo de 72 horas para que o BC apresente explicações, movimento que gerou desconforto institucional e inquietação no setor financeiro.
Entidades representativas reagiram rapidamente em defesa do Banco Central. A Febraban destacou que a solidez do sistema bancário depende da credibilidade e autonomia do regulador, enquanto a Associação Brasileira de Bancos (ABBC) reafirmou confiança nas decisões da autoridade monetária.
Especialistas apontam que a atuação do TCU causa estranheza, já que o órgão é responsável por fiscalizar recursos federais, inexistentes no caso. O risco financeiro envolvia o Distrito Federal, devido à tentativa de venda do Master ao Banco de Brasília (BRB), o que, em tese, justificaria eventual análise pelo Tribunal de Contas do DF, e não da União.
O episódio também expôs uma rede de conexões políticas e jurídicas. Jonathan de Jesus chegou ao TCU em 2023 após indicação com amplo apoio partidário no Congresso. Já o controlador do banco, Daniel Vorcaro, mantém relações com figuras públicas, o que ajuda a contextualizar decisões recentes do STF, como a do ministro Dias Toffoli, que restringiu o acesso a material sigiloso apreendido pela Polícia Federal no âmbito da Operação Compliance Zero, que investiga suspeitas de irregularidades no Master.
A operação da PF cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão e apura falhas graves de governança e compliance. Para auditores do Banco Central, a pressão política sobre a autarquia foi intensa, reforçando o embate institucional em torno da liquidação do banco e do combate a irregularidades no sistema financeiro.



