O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá dar a palavra final sobre o futuro do cidadão russo Sergey Vladimirovich Cherkasov, detido no Brasil desde o fim de 2022 e apontado como integrante de uma rede internacional de espionagem. Atualmente, ele cumpre pena em um presídio federal de segurança máxima em Brasília, com previsão de término apenas em 2027, mas existe a possibilidade de extradição antecipada, dependendo de aval jurídico e político.
A análise do caso está sob responsabilidade do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), órgão ligado ao Ministério da Justiça. O departamento recebeu, no início deste mês, comunicação da 15ª Vara Federal do Distrito Federal informando que não há mais ações penais em curso contra Cherkasov naquela jurisdição — condição que anteriormente impedia o avanço do pedido de extradição feito pela Rússia.
Para atualizar o cenário jurídico, o Ministério da Justiça solicitou informações à Polícia Federal, à Justiça Federal de São Paulo, à 4ª Vara Federal do Rio de Janeiro, ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3). A Polícia Federal respondeu em junho de 2025 que não existem inquéritos específicos em andamento contra Cherkasov, embora ele apareça em uma investigação mais ampla envolvendo dez agentes russos que teriam usado o Brasil como base de operações.
Cherkasov foi preso após ser identificado com documentos falsos, usando a identidade brasileira de Victor Muller. Desde então, permanece custodiado na Penitenciária Federal de Brasília, a mesma unidade onde está detido Marcos Camacho, o Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC).
O caso ganhou repercussão internacional ao atrair o interesse de dois países. A Rússia foi a primeira a solicitar a extradição, alegando que o detido é procurado por tráfico internacional. No entanto, documentos enviados por autoridades russas foram analisados pela Polícia Federal, que apontou dificuldades para comprovar sua autenticidade, levantando a hipótese de que o pedido teria como objetivo principal a repatriação do agente.
Posteriormente, os Estados Unidos também apresentaram interesse na extradição, com base em informações da CIA, segundo as quais Cherkasov teria utilizado identidade falsa para ingressar em território norte-americano e atuado em atividades de espionagem enquanto estudava em uma universidade no país.
Neste momento, a decisão técnica está em fase final no Ministério da Justiça. Caso haja entendimento jurídico favorável, o processo seguirá para apreciação do Palácio do Planalto, cabendo ao presidente Lula definir se autoriza ou não a extradição. Segundo fontes do governo federal, trata-se de uma decisão com forte peso político e diplomático.



