Soldados da Brigada Militar estariam utilizando uma viatura oficial de policiamento ostensivo para fazer a coleta de propina fornecida por um grupo criminoso no bairro Santos Dumont, em São Leopoldo, no Vale do Sinos. Segundo as investigações, o valor repassado chegava a R$ 5 mil por semana, pagos por organizações ligadas ao tráfico de drogas local.
A denúncia sobre a utilização da viatura modelo Duster da corporação partiu de moradores e foi recebida pelo Comando Regional da Brigada Militar no Vale do Rio dos Sinos. A partir disso, o caso foi encaminhado à Corregedoria-Geral da Brigada Militar, que passou a apurar as possíveis irregularidades.
A investigação teve início após reportagens anteriores que mostraram o controle de uma facção sobre o condomínio Villa Germânica, também no Santos Dumont. Após essas matérias, surgiram informações indicando a participação de membros da corporação no esquema de proteção e recolhimento de valores do tráfico.
Dois soldados foram presos preventivamente no dia 18 de dezembro, em decorrência das apurações. As investigações apontam que um dos policiais, de 32 anos e morador do próprio bairro, atuava como ponte entre a facção criminosa e colegas de farda.
Em uma das etapas da operação, um dos suspeitos chegou a disparar um tiro dentro da própria casa contra o celular, numa tentativa de destruir provas, antes que agentes da Corregedoria cumprissem mandado de busca e apreensão.
Além dos dois presos, pelo menos outros dois servidores estão sob investigação. Um deles já deixou a corporação recentemente após solicitar desligamento, mas o processo disciplinar continua em andamento. O outro permanece afastado de todas as funções enquanto responde a um Conselho de Disciplina.
Aparente “parceria” com o tráfico
Segundo as apurações, os policiais envolvidos teriam realizado apreensões de drogas e armas de fachada, recolhendo entorpecentes de baixa qualidade para disfarçar a relação com o tráfico. Parte desse material teria origem em pontos de distribuição próximos, incluindo um endereço no bairro Vila Palmeira, em Novo Hamburgo.
Posicionamento da Brigada Militar
Em nota, a Corregedoria informou que a investigação segue em sigilo e que não divulga detalhes operacionais ou nomes dos envolvidos para não prejudicar o andamento do processo. A Brigada Militar destacou, ainda, que adota todas as providências administrativas cabíveis sempre que surgem indícios de irregularidades, respeitando os procedimentos legais.



