O relatório “Segurança em Números 2025” apresenta um cenário alarmante sobre a violência contra a mulher no Brasil, com aumento expressivo nos registros de feminicídio, estupro e demais crimes sexuais. Os dados revelam que o enfrentamento a essas violências ainda é um dos maiores desafios para a segurança pública e para a sociedade como um todo.
Em 2024, foram contabilizadas 1.492 vítimas de feminicídio, com uma preocupante maioria de 63,6% de mulheres negras, evidenciando o impacto da violência de gênero interligada a questões raciais. O perfil mostra que 8 em cada 10 mulheres assassinadas tinham como algoz companheiros ou ex-companheiros, e 64,3% dessas mortes ocorreram dentro de casa, local que deveria ser seguro. Homens são responsáveis por 97% dos feminicídios.
Os registros de estupro e estupro de vulnerável chegaram ao maior número da história, com 87.545 vítimas em 2024, o que representa um aumento de 6,3% em relação ao ano anterior. Destaca-se que 76,8% das vítimas eram vulneráveis, incluindo crianças e adolescentes, que somam a maior parcela dessas ocorrências.
O perfil das vítimas mostra uma taxa preocupante de crimes contra meninas entre 10 e 17 anos, faixa etária que concentra mais de 87% dos casos de violência sexual. Além disso, o crescimento nos registros criminais de bullying e cyberbullying reflete uma violência crescente no ambiente escolar, que impacta diretamente a saúde mental e segurança das vítimas.
A violência doméstica segue como o principal ambiente onde as mulheres sofrem agressões. Em 2024, 65,7% dos casos ocorreram dentro de casa, e 45,5% dos agressores eram familiares, enquanto 20,3% eram parceiros ou ex-parceiros íntimos. A Polícia Militar recebeu dois chamados por minuto relacionados a casos de violência doméstica, somando mais de 1 milhão de acionamentos do número 190.
Foram concedidas 1.067.556 medidas protetivas de urgência, porém o descumprimento dessas ordens é frequente, com 95.026 registros de stalking (perseguição) e ameaças feitas pelos agressores, demonstrando a dificuldade em garantir a proteção efetiva das vítimas.
Desafios no Sistema de Justiça
Apesar do aumento das perícias sexológicas, que em 2024 foram 67.157, apenas 9,8% resultaram em laudo positivo, apontando para dificuldades técnicas e estruturais na produção de provas. A baixa capacidade do sistema de justiça em processar esses crimes contribui para a alta impunidade, dificultando a punição dos agressores.



