CRÍTICA — INDIANA JONES E A RELÍQUIA DO DESTINO | por Rafa Gomes
Pesquisar
Foto: divulgação

CRÍTICA — INDIANA JONES E A RELÍQUIA DO DESTINO | por Rafa Gomes

A aposentadoria perfeita do chapéu e chicote!

Compartilhe esta notícia:

O Porto Alegre 24h conferiu este retorno!

Depois de tantas décadas, a trilogia clássica de “Indiana Jones” continua sendo o ápice dos filmes de aventura, reunindo o que de melhor a sétima Arte pode oferecer, com suas trilhas icônicas de John Williams, e de alguma forma singela trazendo novidades em cada longa da saga do aventureiro mais destemido, um cowboy de seus tempos. Cada um deles, apesar de seguir uma linha mestra une todos e oferece experiências diferentes a serem apreciadas. Mas como Hollywood não deixa a máquina financeira morrer, 19 anos depois de Indiana Jones e a Última Cruzada, Harrison Ford voltou a vestir o uniforme e apetrechos de seu inimitável arqueólogo aventureiro em “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”, o que se propunha na época a ser uma passagem de bastão, por tentar ser muita coisa em simultâneo, não chegou aos pés do que veio antes, ainda que tenha conseguido oferecer diversão, porém nem tanto conteúdo!
Mas agora, 15 anos depois deste feito, com seu protagonista na casa dos 80 anos, chegamos ao que podemos considerar como sendo uma simpática despedida ao personagem, e nada melhor que trazer agora um diretor bastante acostumado a entregar grandes despedidas! O Diretor em questão se trata de “James Mangold”, conhecido por dar a despedida perfeita ao mutante mais amado por todos em “Logan”.
O longa mantém a estrutura base da franquia, colocando à caça de uma relíquia de poderes fantásticos, assim feita a Máquina de Anticítera, que no longa foi inventada por Arquimedes, e que segundo a teoria do nazista “Jürgen Voller”(vivido por Mads Mikkelsen) seria capaz de prever a abertura de janelas temporais. A história cria um bom equilíbrio e recompensa a experiência, o que aliás trocando em miúdos, é ver Harrison Ford com seu chapéu, chicote e jaqueta de couro novamente, apesar de todos os possíveis pesares, sempre é uma recompensa, não tem como negar! Mas a grande verdade é que “Relíquia do Destino” com suas sequências de ação estilo velha guarda, e com muitos efeitos práticos ainda que ajudados pela computação gráfica, não é algo que será absorvido bem pelo público de 2023 que pelos comentários gerais, já vem a criticar. E mesmo aqueles que esperam justamente essa categoria de ação, o que o diretor entrega é talvez trivial demais, muito diferente do que a ação dos três primeiros filmes que a série representou para o público dos anos 80. Diria até mesmo que a produção parece presa a uma obrigação que considero equivocada de apelar para a nostalgia. Isso é desnecessário, pois Harrison Ford como Indiana Jones é tudo o que importa nesse departamento. Ele é a nostalgia encarnada e não precisa de mais nada girando ao seu redor. Quando digo que o filme parece preso a essa necessidade de olhar para o passado para dar um adeus para Indy, quero falar de algo que vai muito além das meras referências que são até muito bem colocadas ao longo do filme. Meu ponto é que não só a estrutura do longa se apega demais a de “Os Caçadores da Arca Perdida”, mas também como os próprios novos personagens não são mais que substitutos dos que vieram antes. O nazista de Mikkelsen, claro, é a amálgama dos vilões do primeiro e terceiro filmes (falo especificamente de René Belloq e de Walter Donovan), enquanto Basil Shaw (Toby Jones), que é apresentado na sequência inicial que se passa em 1944, não é mais que uma versão de Henry Jones Sr. (com direito até mesmo a um diário sobre a relíquia pela qual é obcecado), algo que inclusive já fora tentado com o personagem de John Hurt em Caveira de Cristal. Helena Shaw, a filha de Basil e afilhada de Indiana Jones vivida por Phoebe Waller-Bridge fica com uma versão moderna de Marion Ravenwood, ainda que obviamente sem o lado romântico da história. Há até mesmo um Short Round 2.0 na forma de um garoto marroquino chamado Teddy Kumar (Ethann Isidore), que Helena basicamente adota como seu garoto safo. Com isso, aquela impressão de intensa familiaridade está presente demais neste longa, algo que muitos até podem considerar como preferível.
O diretor deixa claro sua dificuldade de fazer cenas de ação curtas. O prólogo inicial usa muito do passado que recorre ao rejuvenescimento digital de Ford, o que nem sempre funciona como deveria. Contudo, Harrison Ford como Indiana Jones, por mais idoso que o ator possa ser, seu magnetismo em tela em qualquer papel é enorme, e como Indy, não tem instrumento capaz de medir o tamanho e a força dessa sua característica. Ele esbanja coração e presença em tela como poucos.
Cada cena de um Indiana Jones derrubando as prateleiras de um depósito de peças arqueológicas, cavalgando um cavalo da polícia em plena parada de comemoração, entrando em trilhos de metro, socando nazistas e até usando seu chicote, é delicioso demais para simplesmente descartarmos como mera diversão. Indiana Jones sempre será “Indiana Jones”, e qualquer comparação com a trilogia clássica será perda de tempo. E para aqueles que amam este personagem criado pelo mestre Spilberg, fica minha dica da semana, se você como eu, ama este personagem tão icônico da cultura “pop”, pegue seu metro, ônibus ou quem sabe até mesmo um cavalo e vá assistir nos cinemas e na maior tela que puder!

Crítica: Rafa Gomes

Leia mais

📢 Cobertura do Porto Alegre 24 Horas

Quer acompanhar as principais notícias do Brasil e do mundo em tempo real? Conecte-se ao Porto Alegre 24 Horas nas redes sociais:

📰 Siga também no Google News para receber nossos destaques direto no seu feed.