Qual Maior Torcida do Sul do Brasil? – Notícias
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Foto: Montagem/Ricardo Duarte/Lucas Uebel

Qual Maior Torcida do Sul do Brasil?

É uma disputa simbólica, cultural e social, que atravessa gerações e mobiliza identidades profundas no imaginário do povo gaúcho

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Por Álvaro Nicotti*

Segundo pesquisa do Ipec, o Grêmio lidera numericamente no Sul, com 18,8% da preferência contra 10,8% do Internacional. No entanto, esses números estão empatados dentro da margem de erro, que é de 6%, devido à baixa amostragem da pesquisa.

Entretanto, é importante diferenciar o que significa “ter a maior torcida” e “ter o maior número de torcedores”. Embora pareçam sinônimos, não são exatamente a mesma coisa.

De acordo com levantamentos sobre índices de adesão à torcida na região Sul, o Internacional lidera em vários aspectos quantitativos como maior número de sócios-torcedores, maior número de vendas de material esportivo (faturamento) e maior média de público nos jogos em casa. Além disso, podemos elencar outros fatores a serem considerados para mensurarmos a torcida de um clube, como audiência em radio e TV, por exemplo.

É importante considerar também as pesquisas qualitativas que analisam o comportamento das torcidas ao longo do tempo. Até a década de 1990, o Internacional tinha, de forma relativamente consolidada, a maior torcida da região Sul, tanto em número de torcedores quanto em presença nos estádios e na cultura popular.

O crescimento da torcida gremista a partir dos anos 1990 pode ser associado a uma série de fatores, entre eles: a boa fase do clube dentro de campo, com títulos expressivos, uma gestão mais agressiva em termos de marketing (uso da identidade do futebol gaúcho aguerrido) e o apoio midiático significativo do Grupo RBS, da família Sirotsky. Essa combinação contribuiu para a massificação da marca Grêmio no imaginário popular.

Por outro lado, mesmo com uma década vitoriosa entre 2005 e 2014, o Internacional adotou gestões mais elitistas, que acabaram diluindo sua identidade histórica ligada às raízes populares. Esse distanciamento contribuiu para que o clube não capitalizasse todo o potencial simbólico e identitário que o momento permitia.

Outro ponto relevante nessa oscilação é a entrada mais expressiva do público feminino no universo do futebol, movimento que também impactou a maneira como as torcidas se formam e se consolidam atualmente.

Contudo, nos dias de hoje, o Internacional ainda é protagonista e pioneiro em ações populares e democráticas que envolvam o clube, sua torcida e seu povo. Além de ser o primeiro clube brasileiro de futebol a atingir a marca de 100 mil sócios e criar a primeira categoria de Sócio Popular com mensalidades a parti de R$10, o Internacional elege seus dirigentes com o voto popular.

Por fim, o que torna a rivalidade entre Grêmio e Internacional tão intensa e apaixonante é justamente o fato de ela ultrapassar as quatro linhas do campo. É uma disputa simbólica, cultural e social, que atravessa gerações e mobiliza identidades profundas no imaginário do povo gaúcho.

*Professor, pesquisador e editor do site TemQueVer

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