Para a surpresa de um total de zero pessoas, o comediante Léo Lins foi vítima de uma tentativa de cancelamento do seu espetáculo que ocorre neste sábado (2), em Porto Alegre. Dessa vez, o pedido partiu da vereadora Natasha Ferreira (PT), que protocolou na Justiça um pedido de suspensão do show. Contudo, a solicitação não foi acatada e a apresentação no Auditório Araújo Vianna segue firme e forte às 21h.
Em suas redes sociais, nesta sexta-feira (1º), a parlamentar tumultuou com uma publicação defendendo o seu pedido de censura. “O cara foi condenado a 8 anos por propagar discurso de ódio com “piadas” sobre pessoas com deficiência, r4c1smo e até p3d0f1li4. Mesmo assim, a prefeitura segue em silêncio e o Auditório, que é um espaço público, vai sendo usado pra reforçar violência. Vale lembrar que a administração é do grupo Opinião (que também tá passando pano pra criminoso), mas o espaço é da cidade”, escreveu a parlamentar na publicação.
Léo Lins replicou a mesma imagem usada pela vereadora em sua publicação e se defendeu. “Pessoal, uma vereadora trans, porque ela é vereadora mas se enxerga como imperadora. Quer o cancelamento do meu show hoje em Porto Alegre. Só pra esclarecer quaisquer dúvidas, o SHOW VAI ACONTECER E JÁ PASSAMOS DE 3 MIL PESSOAS! ”, escreveu o comediante.
A vereadora se manifestou através de nota após a negativa da Justiça:
“Na tarde da última sexta-feira (1), nosso mandato entrou com ação na Justiça demandando o cancelamento do show do discriminador condenado Leo Lins, que acontece neste final de semana. O suposto humorista é conhecido nacionalmente por piadas de apologia à pedofilia, de crianças com deficiência (autismo e hidrocefalia), e piadas racistas — especialmente com indígenas —, de teor transfóbico e homofóbico. O condenado chegou a caçoar das vítimas do incêndio na Boate Kiss, grande trauma do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Nosso argumento se baseou no fato de que a violação de direitos humanos não é garantida pela liberdade de expressão prevista na Constituição Brasileira e que a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre proíbe estabelecimentos na cidade de incentivar desrespeito aos direitos humanos.
A situação se torna ainda mais grave por sabermos que o show deve acontecer em um espaço de propriedade da prefeitura de POA, mantido com nossos impostos.
Embora o auditório Araujo Viana seja uma concessão da prefeitura para a iniciativa privada, o dever legal de fiscalizar a produtora que gestiona o espaço é da prefeitura municipal. Por isso, não achamos justo que o dinheiro público seja usado, ainda que indiretamente, para potencializar discursos de ódio e de crime.
Recebemos hoje a notícia de que o pedido não foi aceito pela Justiça. Não nos surpreendemos. Sabemos que ainda não é toda a Justiça que está sensível à defesa das minorias sociais contra os discursos fascistas.
Da nossa parte, acreditamos que nossa missão enquanto mandato fiscalizador e defensor dos direitos humanos foi cumprida. Informamos que continuaremos acompanhando a situação e, em caso de novas violações de direitos humanos no espetáculo, exigiremos a punição legal dos responsáveis por autorizar o show de horrores.”