Embora o índice de endividamento nas capitais brasileiras tenha permanecido estável nos últimos dois anos, com 78% dos lares endividados, o número de famílias com contas atrasadas nessas cidades aumentou 12,8% no mesmo período. O total de lares nessa situação subiu de 11,28 milhões, em 2022, para 12,73 milhões agora. Esses dados são de um estudo realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base em informações do IBGE, da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e da própria entidade.
Esse aumento significa que 1,45 milhão de famílias nas capitais passaram a enfrentar dívidas ativas, como faturas de cartão de crédito, boletos do varejo ou financiamentos de carros e imóveis. Segundo a FecomercioSP, o principal fator para esse crescimento é geográfico, já que houve um aumento populacional nas grandes cidades, o que resultou também no crescimento do número de lares. Assim, embora a porcentagem de casas endividadas tenha permanecido a mesma, o aumento no número de famílias impactou diretamente o total de pessoas endividadas nessas áreas.
Entretanto, os efeitos econômicos desse aumento no número de famílias endividadas não são tão positivos, segundo a FecomercioSP. Com mais famílias enfrentando dívidas, o custo do crédito no mercado tende a aumentar, o que eleva o risco de inadimplência, especialmente em um contexto de juros elevados e inflação pressionando o consumo. Além disso, existem variações significativas entre as cidades, o que exige análises específicas para cada local.
Em São Paulo, que registra o maior número absoluto de famílias endividadas (2,88 milhões), o aumento se deve principalmente ao crescimento populacional, situação semelhante ao Rio de Janeiro, com 2,02 milhões de lares endividados, e ao Distrito Federal, onde o número de famílias nessa condição é de 765,8 mil.
O alerta, porém, é mais crítico quando o aumento do endividamento atinge regiões fora dos grandes centros urbanos, como em Vitória e Boa Vista, onde o número de famílias endividadas subiu 13,3%. Nessas áreas, é fundamental que as autoridades promovam a educação financeira e incentivem as famílias a controlar melhor o uso de crédito no orçamento doméstico.
De Porto Alegre à Belém
A capital mais ao sul do Brasil, Porto Alegre, é também a mais proporcionalmente endividada do País, com 91% das famílias nessa situação. No entanto, houve uma queda em relação aos anos anteriores, quando esse índice chegou a 96%. Por outro lado, Belém, localizada no extremo norte, apresenta a menor taxa de endividamento entre as capitais, com 69%. Essa redução em Porto Alegre contrasta com o aumento do endividamento em Belém, que subiu 8 pontos percentuais em um ano, indicando um crescimento significativo do endividamento local.
As cinco capitais mais endividadas do Brasil, em termos proporcionais, têm índices semelhantes. Além de Porto Alegre e Vitória, com 91% de lares endividados, Curitiba, Belo Horizonte e Boa Vista compartilham a marca de 90%. Vitória, em particular, viu o endividamento crescer consideravelmente entre 2022 e 2024, passando de 77% para 91%.
Por outro lado, as menores taxas de endividamento são, em grande parte, resultado de aumentos significativos no período. Em Goiânia, a taxa subiu 11 pontos percentuais em dois anos, enquanto em Campo Grande o aumento foi de 7 pontos percentuais. A única exceção foi Macapá, que registrou uma queda, passando de 75% para 68% de famílias endividadas.
A FecomercioSP destaca que o desequilíbrio entre as capitais pode ser explicado pelas condições econômicas locais, como inflação, juros e renda familiar, que variam de uma região para outra. Assim, o aumento do endividamento em algumas cidades pode ser compensado pela queda do índice em outras.
Três capitais do Sul registraram queda no endividamento. Florianópolis teve o maior impacto, com uma redução de 2,1%, deixando 72% dos lares endividados. Curitiba (-1,9%) e Porto Alegre (+1,2%) também apresentaram quedas, mas Porto Alegre ainda mantém o posto de capital mais endividada do País, em termos proporcionais.
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