Polêmica! Escola no Litoral Norte proíbe meninas de utilizarem roupas curtas
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Polêmica! Escola no Litoral Norte proíbe meninas de utilizarem roupas curtas

Para profissionais a decisão é machista, pois retira das meninas o direito que é mantido aos meninos, que continuam podendo frequentar o ambiente escolar usando bermudas e shorts, por exemplo

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Alunas de uma escola municipal de ensino fundamental de Capão da Canoa, no Litoral Norte, estão sendo impedidas de usar roupas curtas. Os pais dos alunos receberam um bilhete orientando sobre a decisão, o que gerou estranhamento em parte da comunidade escolar.

No bilhete, a direção da Escola Municipal de Ensino Fundamental Iglesias Minosso Ribeiro, localizada no Parque Antártica, escreveu o seguinte: “Fiquem atentos às roupas de suas filhas, pois a partir de segunda-feira (12/9), não será permitido a entrada de roupas inapropriadas como: shorts, miniblusas, tops, croppeds… Att, Direção”.

O familiar de uma das alunas, que não quis se identificar, entrou em contato com o GZH para expor o ocorrido. Segundo ele, além de entregar o bilhete para os alunos e alunas de 12 anos, a escola também foi nas salas de aula informar sobre a decisão, alegando que uma das justificativas para a medida era que “os meninos estavam passando a mão na bunda das meninas” por causa do estilo das roupas usadas por elas. O argumento causou perplexidade nesse familiar que questionou o fato de a escola culpar o modelo das vestimentas e não os meninos.

A secretaria de educação de Capão da Canoa, Raquel Goldani, se manifestou sobre o fato. Segundo ela, coma chegada das estações mais quentes do ano, as meninas começam a ir para a escola usando miniblusa, short e outros modelos mais curtos, e a decisão de enviar o bilhete foi apenas com o objetivo de orientar os pais sobre o uso adequado das roupas no ambiente escolar e negou a informação de que meninos estavam “passando a mão” nas meninas.

A reportagem de GZH conversou com a psicanalista Ana Laura Giongo, membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, encontrou “uma série de problemas”. Para a profissional o fato de a escola pedir para “os pais devem ficar atentos”, mostra que a escola não procurou dialogar com os estudantes sobre o caso e, ainda, expôs as meninas a uma “posição passiva diante desta decisão autoritária”.

Segundo Giongo, a partir de certa faixa etária, as escolas costumam liberar o uniforme porque a construção do estilo pessoal é algo importante para o adolescente. É na adolescência que as meninas estão se apropriando de uma nova posição no mundo, com um processo de construir um estilo, finaliza a profissional.

Para Jane Felipe, professora titular do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu) da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a atitude da escola pode ser considerada machista, os meninos não receberam orientação igual, tendo eles o direito de utilizar shorts e bermudas mantido, evidenciando o fato de que as escolas demonstram um despreparo em relação aos temas que envolvem gênero, sexualidade e violências.

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