Estudo aponta presença de ultraprocessados em cardápios de creches de Porto Alegre
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Foto: Pietro Scopel/JU/Divulgação

Estudo aponta presença de ultraprocessados em cardápios de creches de Porto Alegre

O trabalho avaliou aproximadamente 400 cardápios destinados a crianças de 0 a 3 anos, fornecidos pela Secretaria Municipal de Educação (SMED)

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Um estudo desenvolvido na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) aponta que produtos ultraprocessados seguem presentes nos cardápios de instituições de educação infantil conveniadas à rede pública de Porto Alegre, em desacordo com as normas do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

A constatação faz parte da dissertação de mestrado da pesquisadora Muriele Betencourt, apresentada ao Programa de Pós-graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde. O trabalho avaliou aproximadamente 400 cardápios destinados a crianças de 0 a 3 anos, fornecidos pela Secretaria Municipal de Educação (SMED), com o objetivo de analisar a qualidade nutricional das refeições e sua aderência às orientações do PNAE, que priorizam alimentos in natura, regionais e da sociobiodiversidade, além de restringirem ultraprocessados.

Os resultados indicam que apenas uma pequena parcela dos cardápios — 15,3% — atingiu o padrão considerado adequado pelo Índice de Qualidade da Coordenação de Segurança Alimentar e Nutricional (IQ COSAN). A maioria, 68,8%, apresentou necessidade de ajustes, enquanto 16% foi classificada como inadequada. Embora nutrientes importantes para a infância, como ferro heme e vitamina A, apareçam com frequência, a presença recorrente de alimentos industrializados foi apontada como um dos principais problemas.

Para a pesquisadora, o impacto vai além do aspecto nutricional. A alimentação oferecida nas escolas, especialmente na primeira infância, desempenha papel central na formação de hábitos alimentares. “A alimentação escolar é uma das primeiras experiências coletivas de cuidado e de educação alimentar que a criança vivencia. Por isso, é essencial que os cardápios reflitam as diretrizes do PNAE e promovam hábitos saudáveis desde cedo”, destaca Muriele.

Criado há quase sete décadas, o PNAE é reconhecido internacionalmente por assegurar o direito à alimentação adequada a estudantes da rede pública. O programa também incentiva a compra de alimentos da agricultura familiar e valoriza ingredientes regionais como estratégia de promoção da segurança alimentar.

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