Escrevo esta coluna aqui de Belém, no Pará, onde participo de um encontro que discute uma política nacional para o encarceramento feminino. Aliás, estamos, pois minha sócia e parceira de projetos, Tatiana Sager, também participa do encontro. Para quem não conhece nossos trabalhos, entre outros, fizemos o documentário em longa-metragem “Central”, a série documental de TV “Retratos do Cárcere”, o livro “Paz nas Prisões, Guerra nas Ruas”, e o também longa-metragem “Olha Pra Elas”, que por sinal, nos trouxe a esse encontro.
Aqui estão reunidos servidores das secretarias de Estado da Administração Penitenciária dos Estados da Região Norte do país. E uma notícia, de um fato ocorrido aqui na região, no sábado passado, chamou-me atenção. Foi em Porto Velho, no Estado de Rondônia, onde está localizada uma das cinco penitenciárias federais do país. No local, está sendo reformada uma muralha.
Foram contratados operários para a realização da obra. O inusitado, é que um deles, que realizaria serviços de eletricista, tinha contra si um mandado de prisão.
Ele se apresentou à unidade para dar início ao serviço, mas acabou detido por integrantes do Grupo de Ações Especiais Penitenciárias (GAEP) e da Divisão de Segurança e Disciplina (DISED) e conduzido à central de flagrantes da Polícia Civil, em Porto Velho.
Fico pensando: o que leva um foragido da Justiça a se oferecer e comparecer para a realização de um trabalho em uma unidade prisional e, ainda por cima, federal? Ainda bem que, pelo menos aparentemente, a intenção dele era realizar um trabalho honesto e não um crime. Mas se a ideia dele era ser descoberto e se entregar, convenhamos que havia formas mais simples.
*As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do Porto Alegre 24 Horas.
