Nesta quarta, a prisão de Leandro dos Santos, conhecido como “Pirata”, escancara um problema frequente na nossa sociedade: o abuso de poder e a certeza de impunidade de homens que, por um senso de superioridade e proteção do sistema, acreditam estar acima das leis. Esse influenciador digital, com mais de 150 mil seguidores e presença próxima às operações de segurança pública, é acusado de estupro, um crime que infelizmente mostra números alarmantes nos últimos tempos. Ele aproveitou da aparente intimidade com a polícia e as forças de segurança para, segundo as denúncias, intimidar e abusar de uma mulher em uma entrevista de emprego.
Este é apenas mais um caso de figuras públicas que usam seu prestígio e proximidade com o poder para intimidar e submeter os mais vulneráveis. O contexto revela algo ainda mais perturbador: até junho deste ano, Santos ocupava um cargo comissionado na Secretaria de Segurança Pública, justamente em um setor onde o papel deveria ser garantir a proteção e justiça, e não fomentar a brutalidade. Sua visibilidade nas redes sociais, em que acompanha operações policiais e produz conteúdo ao lado de agentes de segurança, cria a narrativa de que ele era uma “figura segura”, alguém que inspira confiança. A mesma mão que, em público, alavanca a imagem da segurança, é acusada de manipulação e violência nos bastidores.
O caso Pirata nos faz refletir sobre o quanto uma aparência de autoridade e fama parece imunizar certos homens de suas responsabilidades. Muitos acreditam que seu alcance social, amigos influentes e uma suposta proteção do sistema lhes dão carta branca para cruzar qualquer limite, infligindo sofrimento impunemente. É a confiança cega no “sistema a favor deles” que os faz pensar que sairão ilesos, intocáveis. Precisamos mostrar, portanto, cada vez mais, que estão errados.



