O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta sexta-feira (15) o julgamento da deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP), ré por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com uso de arma. O ministro Kassio Nunes Marques, que havia pedido vista do processo em março, apresentou voto pela absolvição da parlamentar, sendo até o momento o único a adotar esse entendimento. Ele não divulgou o voto por escrito.
Em março, quando o caso começou a ser analisado, já havia sido formada maioria pela condenação de Zambelli a cinco anos e três meses de prisão em regime semiaberto. Votaram pela condenação o relator, Gilmar Mendes, e os ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Flávio Dino, Cristiano Zanin e Dias Toffoli, todos também favoráveis à perda do mandato em razão da condenação criminal.
O julgamento acontece no plenário virtual, e os ministros Luís Roberto Barroso, André Mendonça, Luiz Fux e Edson Fachin têm até as 23h59 da próxima sexta-feira (22) para votar.
O processo está relacionado a um episódio ocorrido na véspera do segundo turno das eleições de 2022, quando Zambelli sacou uma arma em via pública, em São Paulo, e apontou para o jornalista Luan Araújo, a quem perseguiu até uma lanchonete. A ação começou após trocas de provocações durante um ato político no bairro dos Jardins. Segundo o voto do relator, a parlamentar obrigou a vítima, sob grave ameaça, a deitar no chão, restringindo sua liberdade momentaneamente.
Caso confirmada, esta será a segunda condenação de Carla Zambelli no STF. Em maio, ela foi sentenciada a 10 anos de prisão por invasão aos sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Antes de ser presa, a deputada fugiu para a Itália, onde possui cidadania. Localizada no fim de julho, foi detida pelas autoridades italianas após inclusão na difusão vermelha da Interpol.
A Justiça italiana decidiu mantê-la presa após apresentação a um juiz, em procedimento semelhante à audiência de custódia no Brasil. O governo brasileiro já solicitou a extradição de Zambelli, mas não há prazo para decisão final, que caberá ao Judiciário italiano.